Existem três questionamentos que permeiam a saga da humanidade que ninguém sabe, efetivamente, a resposta: de onde viemos, por que estamos aqui e o que acontece depois da morte. A falta de resposta objetiva e clara a estes questionamentos tem sido objeto de enorme manipulação política, religiosa, social e econômica. O medo da morte, uma realidade que afronta a todos e faz parte da trajetória humana, serve como mola propulsora da exploração intelectual, emocional e financeira. Afinal, quantos não prometem um lugar no céu desde que já se paguem as parcelas aqui na vida terrena?

Com isto, a humanidade vai sendo enganada ao longo da sua existência. Ocasionalmente, surgem aqueles que afirmam ter a resposta das três perguntas por terem sido iluminados por alguma divindade que revelou somente àquele indivíduo a resposta. Passado algum tempo, a morte – a grande equalizadora de tudo e de todos neste mundo – também extirpa aquele indivíduo que supostamente sabia a resposta das perguntas, porém incapaz de resguardar-se a si mesmo para a vida eterna. Todos falharam na tentativa de apresentar respostas a estas questões.

Esta terapia do medo coletivo cria sociedades disfuncionais e desequilibradas. Nas décadas de 1980 e 1990 a humanidade nutria enormes temores: a Guerra Fria, a possibilidade de uma hecatombe nuclear, o crescimento populacional e a escassez de alimentos, o buraco na camada de ozônio, ameaça do comunismo global e a letalidade do câncer e do HIV. Todos estes temores se tornaram corriqueiros.

Atualmente, os apóstolos do apocalipse global, com as guerras na Ucrânia e Gaza, buscam restaurar o temor coletivo do fim da humanidade.  Nunca se tomaram tantos antidepressivos, remédios para dormir, anfetaminas, dentre outros, porque os governos e igrejas, ao invés de darem perspectivas positivas às populações, somente lhes apresentam cenários cada vez mais desesperadores. Assim como o medo abastece financeiramente a muitas entidades religiosas, o medo também sustenta muitos políticos, filósofos, acadêmicos, jornalistas e tecnocratas.

Não vivemos um período de guerras mundiais. O mundo é muito melhor hoje do que já foi no passado. E será ainda mais. Se os EUA e o Ocidente abandonarem a ideia de transformar a China numa nova União Soviética – e sim buscarem um aumento na cooperação global e um futuro – paz e prosperidade prevalecerão. Continuaremos sem respostas, mas viveremos mais tranquilos. E isto é o que importa.