Os meios de comunicação social têm dado, e bem, uma especial atenção ao atual momento que se vive em Moçambique. Porém, a situação na Guiné-Bissau também é manifestamente inquietante.
A Guiné-Bissau, nação lusófona da África Ocidental, vive uma situação preocupante de instabilidade política criada pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que há um ano, em Dezembro de 2023, decidiu suspender a Constituição, dissolver a Assembleia Nacional Popular e nomear um Governo de iniciativa presidencial.
Para além da decisão surpreendente de suspensão da democracia e das instituições, a presidência de Sissoco Embaló concentrou-se em reprimir opositores e em perseguir vários jornalistas. O mandato presidencial termina em breve, a 27 de fevereiro de 2025, mas aparentemente as eleições só terão lugar em Novembro de 2025, porque Sissoco Embaló argumenta querer fazer coincidir as eleições legislativas e presidenciais, o que constitui mais uma violação da lei – durante cerca de 9 meses – em beneficio de um interesse político particular.
A fragilidade das instituições, a corrupção endémica e a falta de investimento em setores chave são outros fatores que contribuem para a persistência da pobreza e da desigualdade na Guiné-Bissau. Além disso, as frequentes mudanças de governo, os golpes de Estado e a incerteza política geral criam um ambiente de negócios hostil, desencorajando o investimento a longo prazo e a criação de empregos.
Nos últimos anos, a Guiné-Bissau é frequentemente referida como um Narco-Estado; devido ao seu papel significativo no tráfico de droga, especialmente cocaína, da América do Sul para a Europa. Infelizmente, as instituições legítimas do país foram infiltradas pelo poder e dinheiro do comércio ilegal de droga, existindo suspeitas e indícios da influência dos traficantes junto da elite que governa o país.
Várias entidades internacionais têm desenvolvido um trabalho positivo no combate ao trafico de droga na Guiné-Bissau, designadamente nas áreas da investigação, apoio nas operações de apreensão, fornecimento de assistência técnica e até na formação das forças de segurança guineenses. As entidades envolvidas e mais ativas são: a DEA (Drug Enforcement Administration) dos Estados Unidos; a UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime); a Interpol; e a Marinha Portuguesa/ Autoridade Marítima.
A Guiné-Bissau tem vários desafios estruturais que seguramente levarão muitos anos a ser concretizados. Todavia, para se alcançar o desenvolvimento que o país tanto precisa, só com um quadro de estabilidade política é que esses desafios complexos serão concretizados.