Esta semana as sondagens voltaram a mostrar o definhamento do CDS, na casa dos 2%, com os novos partidos a subir e o Chega quase nos 5%. Nada que surpreenda. Há anos que alerto para o facto de o esvaziamento doutrinário e ideológico do CDS nos trazer a esta situação.

Isto deve-se ao facto de o partido, com o posicionamento morno dos últimos anos e com medo de se comprometer afrontando o politicamente correcto, não fazer sentido para os portugueses que deixaram de se rever num CDS “descafeinado”.

Urge, portanto, tal como tenho dito, que o CDS se afirme claramente como a casa do humanismo personalista, defendendo e assumindo as suas causas de sempre: o combate à pobreza, a defesa do mundo rural, condições reais de segurança e defesa, a liberdade de educação e na saúde, a promoção da família, a defesa de uma Europa de Estados contra um federalismo serôdio, uma verdadeira reforma do Estado, ao mesmo tempo que deve promover uma reconciliação com as bases militantes que tanto tem desprezado e mal tratado nos últimos anos.

A defesa da soberania face à UE, a busca por um modelo económico sustentável (para o qual é necessário salvaguardar o fornecimento de energia, a um preço competitivo, por exemplo), a diminuição do endividamento (que compromete a soberania e o desenvolvimento económico), a defesa da propriedade privada e a economia enquadrada por uma justiça eficaz e célere.

Temos de regenerar o CDS, criando um novo partido confiável. Um CDS que alargue a influência da direita, ajudando na sua reconfiguração, também com os novos partidos, e, começando já nas próximas eleições autárquicas.

Proponho que a partir do próximo congresso se crie um Governo “sombra”, constituído por militantes e pontualmente independentes, nos primeiros 50 dias de liderança, que acompanhe o governo instituído e os problemas do país, para dar corpo a uma solução governativa eficaz.

Ao mesmo tempo, defendo que um verdadeiro Senado funcione no CDS, com todos os ex-Presidentes disponíveis e aqueles que eles convocarem, para acompanhar e promover a reconciliação do partido com as suas bases e eleitorado, para que de uma vez por todas o CDS possa ser uma instituição plural e verdadeiramente democrática, resgatada dos interesses e dos maniqueismos de alguns.