As crises não são apenas momentos difíceis, em que temos de fazer escolhas que preferíamos não ter de fazer. As crises podem ser também oportunidades para tentar caminhos diferentes. Portugal encontra-se nessa situação, à semelhança de muitos outros países na Europa e no mundo, na sequência da emergência global causada pela pandemia de Covid-19.

Subitamente, o nosso modelo de crescimento económico, que nos últimos anos assentava no tripé exportações, turismo (estatisticamente incluído nas primeiras) e imobiliário, foi posto em causa por uma crise que muito poucos poderiam antecipar. Ninguém podia adivinhar que 2020 seria assim, apesar de nos últimos anos se terem sucedido os alertas dos cientistas e por muitos programas que o National Geographic tenha emitido sobre a ameaça iminente de uma pandemia global.

À semelhança do que fez inúmeras vezes ao longo da sua História, Portugal tem agora de reinventar a sua estratégia para a frente económica. E embora ainda seja cedo para antecipar a evolução da economia e sejam mais as interrogações do que as certezas (por exemplo, haverá segunda vaga? As viagens aéreas vão recuperar?), podemos já chegar a algumas conclusões. Uma delas é que, sem negar o papel central que o turismo deve desempenhar, Portugal precisa de uma estratégia de reindustrialização, concertada com a que a própria União Europeia terá de levar a cabo, no quadro de uma nova ordem global que está a emergir.