Nunca a palavra estabilidade foi tão invocada como depois das últimas eleições legislativas. É na estabilidade política que as nações se desenvolvem, as empresas progridem e criam riqueza e que se pode distribuir melhor o produto interno bruto criado num país.
É também na estabilidade política que se capta maior investimento direto estrangeiro, ferramenta necessária ao conhecimento, progresso e emprego qualificado.
Estabilidade não é, no entanto, imobilismo. Estabilidade é saber com o que se conta, manter o equilíbrio, sem variações radicais ou extemporâneas. É saber onde se está por algum tempo, neste caso por quatro anos de legislatura.
O equilíbrio político é o objetivo essencial para manter a matriz das normas da vida em sociedade, até para amortecer inevitáveis crises, casos e casinhos. A meta fundamental é fomentar o crescimento económico, promovendo a produção e o emprego, estabilizando os impostos e preços.
Se, no passado recente, a elevada inflação ou taxas de juro ameaçaram o crescimento, hoje estão em queda e a preocupação maior é escalada da guerra na Ucrânia ou a instabilidade das políticas de Trump.
O próximo governo tem de atuar. Já não tem desculpas para procrastinar. Nas últimas semanas, três dezenas de subscritores assinaram um manifesto a defender “reformas estruturais profundas”. Os autores do mesmo, e cada vez mais portugueses, têm mostrado cansaço perante a demora das reformas e a ausência de coragem política. Sem coragem nada se faz, nem no país nem nas empresas.
É preciso sair da zona de conforto e ‘mexer no queijo’ de muitos dos protagonistas e interesses instalados para se conseguir avançar.
É preciso determinação sem pretender agradar a gregos e a troianos para se alcançar o sucesso.
É preciso trabalhar com “T” maiúsculo para que se vejam os resultados. E há que começar pelo próprio Estado, encarando uma perspetiva de legislatura completa a quatro anos, se o próximo governo conseguir chegar a 2029.
O governo tem três opções: governar, governar, governar. Tem a missão de reformar o país e dar mais esperança aos portugueses. Ao mesmo tempo, tentar sobreviver politicamente nadando com tubarões na casa da democracia.
Num mundo tão conturbado e com cenários de recessão na Europa, também se exige um elevado sentido de responsabilidade no Parlamento, para que não se deite abaixo um governo ao fim de um ou dois anos, o que, seguramente, não interessa à maioria dos portugueses.