A zona da grande Lisboa é neste momento o maior foco de epidemia no país, com novos casos de infectados por Covid-19 na ordem dos 90%. Neste cenário, o primeiro-ministro e o presidente da República decidiram esta semana comparecer num espectáculo de um humorista no Campo Pequeno, assim como centenas de pessoas, sem respeitarem a distância de segurança no mesmo espaço que não permite a realização de touradas.

Há dias, o PCP decidiu organizar um comício no centro da capital pela “confiança e luta por uma vida melhor”. Da mesma forma que centenas se juntaram em Lisboa para uma manifestação contra o racismo, que percorreu as ruas entre a Alameda e o Terreiro do Paço. Uma manifestação contra o racismo que acabou por ser em grande parte a favor da violência, com cartazes que envergonham qualquer democrata e que todos deveríamos repudiar. Isto não é um espectáculo de humor negro, é o país que muitos desejaram no momento em que foram chamados às urnas.

Estes episódios recentes provam a dualidade de critérios na altura de aprovar ou não os eventos. E salta à vista que o critério para receberem luz verde é serem organizados pela esquerda e quanto mais radicais melhor a hipótese de serem aprovados e aplaudidos. Entretanto, vamos em 1.500 vítimas mortais e ainda nos recordamos do absurdo dispositivo policial que há umas semanas foi destacado para Fátima e a forma ignóbil como um casal de peregrinos foi perseguido e detido nas imediações do santuário. É caso para desconfiar que estamos perante ‘um país, dois sistemas imunitários’ e que o vírus só ataca à direita.

Outro assunto que merece destaque esta semana é o caso do alemão Christian Brückner, que surgiu na imprensa internacional, suspeito de ser o autor do rapto da inglesa Maddie em 2007, e que levanta sérias dúvidas sobre a investigação portuguesa deste e doutros casos ocorridos no Algarve.

O “The Guardian” publicou uma reportagem sobre um ataque de contornos grotescos ocorrido num resort na Praia da Rocha em 2004. Hazel Behan, uma irlandesa a trabalhar como guia turística, foi violentamente atacada e violada no seu apartamento. A descrição do atacante em tudo coincide com a do alemão, inclusive marcas distintas e identificáveis no corpo. Nunca foi considerado suspeito, apesar de ter estado preso em Portugal e neste momento cumprir pena na Alemanha por um crime cometido em 2005, a violação de uma turista americana no Algarve, crime esse em tudo idêntico ao de Behan.

A investigação do suposto rapto de Maddie ainda está a decorrer, pelo que será precoce tecer mais considerações, mas sabemos algo de forma inequívoca neste momento: durante duas décadas, um cidadão alemão condenado por roubos, violação e pedofilia, viveu em paz e sem grandes problemas com a justiça. Esteve preso dois meses na cadeia de Évora por roubo de gasolina, mas a avaliar pela informação revelada até ao momento, não foi investigado pelos crimes violentos. Este caso tem os contornos de uma bomba-relógio e o nosso país não vai sair bem na fotografia.