O Verão de 2025 começa cheio de novidades que se sucedem, a um ritmo impressionante, que demonstram até que ponto o Mundo está a atravessar uma mudança radical.
A nível internacional, os focos de violência e instabilidade multiplicam-se, com conflitos armados que em muitos casos tem potencial para degenerarem em guerras regionais ou mesmo mais do que isso. Se a crise entre a Índia e o Paquistão passou rapidamente, porque os dirigentes políticos e militares de ambos os países perceberam que era necessário (e possível) aliviar a pressão e regressar ao habitual estado de belicosidade mais teatral do que real, na Ucrânia, e no Médio Oriente a situação evoluiu em sentido contrário, contando com o o aumento do teor de agressividade de declarações dos principais responsáveis políticos como mesmo de acções armadas.
O Médio Oriente é uma região que vive em permanente estado de tensão, mas onde, nos últimos anos, se vinha assistindo a uma tendência de distensão através da melhoria das relações entre os Estados árabes e Israel, processo que sofreu algum retrocesso provocado pelas reacções negativas à actuação do exército israelita em Gaza.
As questões fundamentais são conhecidas. Israel reclama o direito a existir dentro de fronteiras seguras e a defender-se contra riscos que ponham em causa a sua segurança, que lhe foi reconhecido pela Comunidade Internacional desde 1948, mas é regularmente posto em causa por acções de grupos radicais como o Hamas, o Hezbollah ou os Hutis do Iémen. E também alguns Estados negam aqueles direitos, sobretudo o Irão, que periodicamente renova declarações sobre a sua vontade de destruir o Estado judaico. É um facto que o Irão representa um crescente risco dadas as suas constantes interferências em outros países da região, e a intenção de desenvolver armas nucleares.
As recentes operações militares de Israel e dos EUA sobre o Irão, e as respectivas retaliações, vieram acrescentar lenha a fogueira que já ardia com fulgor. Se bem que a generalidade da opinião pública do Ocidente reconheça tanto que Israel tem o direito a defender-se como que o Irão constitui um risco e por isso deve ser impedido de obter bombas atómicas, nem por isso deixamos de reconhecer que a argumentação de “auto-defesa preventiva” usada para justificar agressões armadas é dificilmente compatível com os princípios do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas.
Também a agressão russa à Ucrânia é manifestamente contrária ao Direito Internacional. Cada dia se torna mais evidente que se trata de uma guerra de conquista (e basta lembrar a recente frase de Putin “território onde soldados russos ponham o pé, é nosso”), o que não é de todo admissível – e se for aceite, cria um precedente extremamente perigoso, que até poderá ser utilizado noutras geografias, como em Taiwan (e não foi Trump que disse que os EUA iriam, “de uma forma ou outra”, adquirir o controlo da Groenlândia e do Canal do Panamá?).
Daí que o objectivo traçado pela NATO no sentido de os Estados Membros dedicarem 5% do seu GDP às despesas militares seja inteiramente justificado, mesmo que, segundo Trump, não deva ser aplicado aos EUA…
Também em Portugal tivemos novidades. Designadamente o ênfase dado ao tema da reforma do Estado no Programa de Governo que, no entanto, fica (muito) aquém do que seria possível – e desejável – limitando-se no essencial a um programa de combate à burocracia. É muito importante, mas insuficiente. Vamos ver como se desenrola…