O mundo depara-se com o cenário negro das consequências económicas e sociais da pandemia. A crise sanitária causada pela Covid-19 trouxe uma profunda recessão económica que tem características globais e que vai atingir profundamente a economia portuguesa.

Um dos primeiros efeitos desta crise foi o claro crescimento da intervenção do Estado na economia. Se, por um lado, esta é uma realidade que veio para ficar, por outro o papel das empresas será fundamental para a recuperação económica. Há que criar condições para o investimento fora da esfera pública e pedir ao Estado para não ter tentações.

Numa altura em que o país debate a visão estratégica para o plano de recuperação da economia, é tanto ou mais importante as empresas discutirem qual será o seu papel e que compromisso pretendem assumir neste processo. Este ponto remete-nos para uma discussão à escala global que teve o seu auge com o manifesto de Davos 2020, apresentado e discutido na última edição do World Economic Forum, e agora retomado com a iniciativa “The Great Reset”.

O manifesto defende a necessidade de as empresas terem um propósito que vá para além da mera criação de valor para os acionistas, mas que contemple também os interesse das partes relacionadas e que possa, assim, contribuir verdadeiramente para uma transformação positiva da sociedade. Esta abordagem vai muito para além das tradicionais ações de responsabilidade social das empresas e condiciona toda as políticas de governance e decisões de gestão aos interesses das partes relacionadas.

Neste contexto, a Vanguard Properties tem feito um enorme trabalho de reflexão estratégica e execução de mecanismos que aliem a criação de valor acionista com um sério compromisso para com a sociedade. Para nós, o desenvolvimento de um projeto imobiliário é muito mais do que a construção e venda de imóveis. Hoje, é impensável criar um projeto sem ter em consideração todas as questões sociais, económicas e ambientais inerentes ao seu desenvolvimento. Não construímos apenas para os nossos clientes, mas também para as cidades e os seus cidadãos. Um projeto imobiliário tem sempre de ter em consideração a sua integração social e ambiental para garantir a criação de valor de longo prazo para a empresa e a sociedade.

Por outro lado, o valor de uma marca ou capacidade de influência de uma empresa será tanto maior quanto maior for o seu contributo para uma transformação positiva na sociedade. As empresas têm um papel e devem assumir um compromisso em áreas fundamentais como o financiamento da educação, da saúde, ação social ou investigação científica.

Não se pode querer uma menor intervenção do Estado nas nossas vidas se não promovermos o mecenato nestas áreas fundamentais para o nosso desenvolvimento. Em Portugal já temos alguns bons exemplos de mecenato na área da saúde, investigação e como fenómeno mais recente o financiamento filantrópico das Universidades.

Este modelo de angariação de fundos para o ensino teve grande visibilidade com a construção do campus de Carcavelos da Nova School of Business and Economics. O recente lançamento da 42 Lisboa, um projeto educativo revolucionário de prestígio internacional, inteiramente financiado por privados e gratuito para os estudantes, ao qual estamos ligados, revela que o modelo do mecenato na educação é uma forma de promover a meritocracia entre os estabelecimentos de ensino e maior inclusão e oportunidade para os alunos.

Certos estamos que é através destas parcerias que podemos reduzir assimetrias e contribuir positivamente para a construção de uma sociedade e economia baseadas no conhecimento.

Estamos, pois, perante a feroz urgência do agora. As empresas e os líderes empresariais não podem exigir do Estado a resolução de todos os problemas, mas devem antes assumir um papel ativo na recuperação e mudança estrutural da nossa economia.