A gravidade da pandemia do coronavírus exige coragem e resiliência de todos nós, pelo que quero em primeiro lugar expressar a minha solidariedade para com todas as pessoas que já perderam algum dos seus familiares e/ou amigos queridos.

Esta crise está a revolucionar a maneira como vivemos. Desde a forma como satisfazemos as nossas necessidades de sobrevivência, até à maneira como trabalhamos ou gerimos as nossas relações com os outros.

Amanhã comemora-se mais um aniversário do 25 de Abril e, devido às restrições impostas pelo estado de emergência, não irei juntar-me fisicamente aos altos dirigentes da nação portuguesa para comemorar esta data tão importante para os portugueses.  Ainda assim, estarei convosco em pensamento.

E é neste espírito de partilha à distância que tenho procurado também desempenhar as minhas funções de Embaixador britânico, com o apoio de toda a minha equipa.  Tal como tantos outros profissionais, tivemos que reinventar os nossos métodos de trabalho. Passámos a encontrar-nos apenas virtualmente, tirando máximo partido dos meios tecnológicos ao nosso dispor.

Apesar dos nossos edifícios – Embaixada e Consulado em Lisboa, e Vice Consulado no Algarve – não estarem abertos ao público, os nossos colaboradores continuam a assegurar os serviços remotamente, garantindo assistência consular 24/7 aos cidadãos britânicos que dela necessitam, tentando minimizar o impacto da crise nas ligações entre as nossas empresas, ou procurando aproveitar o potencial da nossa cooperação bilateral na ciência, na expectativa de em conjunto encontrarmos soluções para esta crise.

Por outro lado, vejo como positivo o facto de passarmos mais tempo com a nossa família mais chegada e de recuperarmos hábitos ou hobbies que julgávamos já esquecidos.  Muitos estarão a estrear-se na cozinha. Outros a retomar a leitura ou os passatempos em família.  Pelo meu lado, dei comigo de volta ao piano, relembrando músicas com significado especial para mim e particular relevância em tempos de crise, que optei por partilhar no meu Twitter. E em conjunto com a minha equipa, fiz por videoconferência aquilo que os britânicos mais gostam de fazer – um quiz! Acredito que tudo isto contribui para preservar a nossa saúde mental nas circunstâncias invulgares em que nos encontramos.

Mas este pode também ser um tempo para reavaliarmos as nossas prioridades e concertarmos esforços com vista a um desenvolvimento económico sustentável.  Será altura de pensarmos se as alterações ao nosso comportamento em sociedade, desta vez impostas e que contribuíram para melhorar o nosso meio ambiente, não poderão e deverão tornar-se no nosso ‘novo normal’.

Esta é uma prioridade partilhada por Portugal e pelo Reino Unido.  Não deixemos passar esta oportunidade para fazer a diferença e tentar tornar o mundo num lugar melhor para vivermos.