Nos últimos anos, diversos acontecimentos à escala mundial têm afetado o desempenho dos vários países ao nível económico. Desde finais de 2021 que a inflação tem dado sinais de aceleração, atingindo em diversos países o seu valor mais elevado em vários anos – um efeito imediato da pandemia, que assolou as nações em 2020 e que se manteve por um maior período do que antecipado inicialmente.

Já mais recentemente, a própria crise energética que estamos a viver, agravada pela guerra no território ucraniano e sucessiva suspensão do fornecimento de gás por parte da Rússia a vários Estados-membros da União Europeia, tem contribuído de igual modo para a continuação do aumento do custo de vida, com a eletricidade, o petróleo e o gás natural a influenciarem uma grande parte da atividade económica.

Neste sentido, se nos focarmos nos mais jovens, que estão a iniciar as suas vidas adultas e a começar a ganhar autonomia, o cenário apresenta-se particularmente desanimador. Não bastando as dificuldades sentidas no acesso à habitação, a precariedade laboral ou até mesmo a crise climática, também o próprio estado da economia surge agora como um sério obstáculo para que se consigam estabelecer e criar as suas próprias raízes. Adicionalmente, os próximos anos não se afiguram mais esperançosos – o cenário de inflação mantém-se e não é descartada a possibilidade de uma recessão económica já em 2023. Em Portugal, em particular, este problema adensa-se pelo facto de os salários já tendencialmente baixos não acompanharem o aumento do custo de vida.

Paralelamente, vemos surgir um outro desafio: a falta de liquidez do sistema de segurança social para pagar a reforma a quem a ela terá direito dentro de umas décadas. Em 2070, de acordo com dados do Eurostat, 47,8% da população se encontrará em idade avançada. Logo em 2045, Portugal será o país da União Europeia a apresentar o maior rácio de dependência, com as pessoas com mais de 65 anos a representar 66% do total da população em idade ativa. Já a partir de 2030 terá de se acionar o Fundo de Estabilização, por as pensões excederem já nessa altura as contribuições sociais.

Qual é, então, a solução para este problema? O que pode a geração mais jovem fazer para, no fundo, maximizar as suas hipóteses e reduzir a chance de sofrer sérios problemas económicos face ao contexto que se apresenta?

Vezes sem conta, o investimento parece ser uma das melhores opções. Historicamente, os mercados financeiros tendem a exibir uma tendência ascendente, sobrevivendo a crises económicas como a de 2007-2008 e regressando ultimamente ao sucesso das suas operações. Particularmente para os mais novos, as vantagens são vastas, uma vez que conseguem tirar maior proveito do efeito cumulativo que resulta da tomada consistente de pequenas ações ao longo do tempo por terem começado a investir mais cedo.

De acordo com o mais recente relatório do Eurostat, a capacidade de poupança das famílias portuguesas aumentou surpreendentemente de 6,8% para quase 10% (9,8%) em apenas 12 meses, colocando-se como um dos maiores aumentos em torno de outros países vizinhos, mas ainda existe uma tendência para manter o dinheiro poupado em contas bancárias ou depósitos de poupança que quase não geram retorno, perdendo o seu poder de compra ano após ano, devido ao aumento contínuo do custo de vida.

Estima-se que existem mais de 250.000 milhões a “apodrecer” nas contas bancárias devido à inflação, o que está literalmente a corroer as poupanças das pessoas a um ritmo ridículo. Ter algum dinheiro reservado é, sem dúvida, inteligente, mas o grosso da carteira deve ser investido, para garantir capacidade de responder às dificuldades que a situação macroeconómica acarreta e estar preparado para o futuro.

Afinal, para a geração mais jovem, que tem mais conhecimentos técnicos e acesso a uma maior variedade de plataformas, investir nunca foi tão fácil. Para estes, que pretendem garantir uma maior segurança financeira no futuro, o investimento é uma das apostas mais certas de poupança e criação de riqueza a longo prazo, além de ser uma das melhores formas de evitar ver o seu dinheiro reduzir de valor ao longo do tempo.