A Amazon celebrou, no dia 15 de maio, o 20º aniversário da entrada em bolsa. Se tivesse investido mil dólares na ação há vinte anos, hoje teria cerca de meio milhão de dólares. Um desempenho absolutamente estelar, que passou por alguma turbulência em bolsa (as ações da Amazon caíram mais de 95% depois da bolha dotcom), mas que foi marcado por sucessivos sucessos empresariais.
Um percurso no mínimo invejável, que é motivo de reflexão. O que é que levou a tal desempenho? Como poderíamos ter detectado esta oportunidade?
Quando entrou em bolsa, a Amazon não era mais que uma livraria online. Prometia, sem grandes exuberâncias, beneficiar das economias por trás do modelo de negócio de lojas online, mas a realidade é que simplesmente vendia livros. Atualmente domina a nível global os setores do e-commerce e de serviços informáticos em cloud, e tem vindo a penetrar cada vez mais o setor da logística, tendo recentemente adquirido alguns aviões para continuar a expandir as suas operações neste setor.
Um autêntico polvo corporativo que faz tremer qualquer concorrente de cada setor em que investe. Começou por revolucionar o retalho com a sua loja online, foi pioneira na oferta de serviços de cloud e agora deixa nervoso o setor da logística, esperando-se que introduza inovações e novos métodos com os quais os incumbentes terão dificuldade em competir.
Do ponto de vista de análise financeira, seria extremamente difícil de detetar esta oportunidade. A Amazon não gerava praticamente lucros quando entrou em bolsa e continuou sem fazê-lo nos vinte anos seguintes.
A equipa de gestão sempre foi relativamente contida em relação às projeções de crescimento e nunca demasiado reveladora em relação à estratégia do grupo e aos seus investimentos. O crescimento das receitas era o fator mais sugestivo do futuro da Amazon, mas mesmo tendo isso em conta, era praticamente impossível visualizar uma livraria online transformar-se no que a Amazon se tornou através da simples observação da atividade da empresa.
Para pensarmos sequer nisso, teria sido preciso conhecer Jeff Bezos, o fundador. A sua visão, capacidade de liderança e gestão eram claramente os fatores que mereciam a nossa atenção quando a Amazon ainda era uma livraria online. Não era o crescimento das vendas nem o potencial do e-commerce.
A lição a reter desta história é que são as pessoas que determinam o futuro das empresas, não as contas destas (sem contar com casos extremos). Se quiser saber onde é que uma empresa ou uma ação vão estar daqui a 20 anos, vale-lhe de pouco olhar para as contas.
É muito mais determinante olhar para os líderes dessa empresa. Têm uma boa visão do futuro? Capacidade de liderança e gestão? São íntegros? Esses foram os fatores que determinaram o sucesso da Amazon e são os fatores que determinam o futuro de qualquer empresa no longo-prazo. Algo que é intuitivo, mas que muitas vezes é esquecido.