Uma vez mais, começou a temporada da negociação colectiva na banca em Portugal. Trata-se, este ano, de um processo negocial com acrescida importância, na medida em que incide sobre as próprias cláusulas de expressão pecuniária (como é o caso das remunerações e subsídios diversos) e sobre o próprio clausulado.

O que está em causa é a adaptação do texto dos Acordos Colectivos às novas realidades laborais na banca e a necessidade de conciliar o trabalho e a família. Temas como a formação profissional obrigatória fruto de imposições dos reguladores, o teletrabalho, a avaliação profissional e a redução da subjectividade, a maior protecção aos trabalhadores nas inquirições no processo disciplinar, as doenças prolongadas, as caixas móveis, entre outros assuntos, vão estar na agenda do único grupo negocial de expressão nacional, constituído pelo Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), pelo Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) e pelo Sindicato Independente da Banca (SIB).

Em cima da mesa vão estar igualmente os temas pecuniários. Após mais um ano de recuperação dos níveis de rendibilidade da banca, de diminuição acentuada dos créditos em incumprimento, de acréscimo dos níveis de remuneração dos capitais próprios e da produtividade, é mais do que justo que uma parte desta recuperação seja partilhada com os trabalhadores portugueses, e não sirva apenas para a acumulação de capital em favor dos accionistas.

E por isso, os níveis de inflação suportados pelos trabalhadores, os indicadores de produtividade e de remuneração dos accionistas, as taxas de rendibilidades e de descontos dos fundos de pensões bancários, todas estas questões, objectivas e concretas, deverão ser levadas em linha de conta nas actualizações das remunerações mensais efectivas de activos e reformados bancários.

De uma vez por todas, estas matérias têm de ser tratadas de acordo com uma fórmula que afaste a subjectividade e possa servir de referencial para vários anos, acabando com a chicana comunicacional em que as diversas partes de um lado pedem um determinado valor e a outra, do outro lado, oferece um quinto desse valor.

E, claro, acreditamos que todos, todos sem excepção, os sindicatos dos bancários e os representantes dos bancos, se devem sentar numa só mesa.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.