A sigla BRICS foi criada pelo banco de investimento Goldman Sachs em 2001, e agrupa os países que iriam dominar o mundo em 2050, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se juntou mais tarde ao clube.

Este conjunto de países, que representa 40% da população mundial e mais de 25% do PIB, com a China a assumir um papel dominante no grupo, anunciou recentemente o convite a mais seis países para fazerem parte do clube – Argentina, Etiópia, Egipto, Irão, Arábia Saudita e Emiratos Árabes Unidos. Para além desta proposta de expansão dos BRICS, o Presidente do Brasil propôs a criação de uma moeda conjunta para utilização nas trocas comerciais e investimento, numa tentativa de substituir o dólar americano.

Ora, se aprendemos alguma coisa na vida, é que as limitações estão dentro de nós e, neste caso, nos próprios países. Como é possível confiar numa Argentina cuja moeda desvalorizou 99% nos últimos dez anos face ao euro e ao dólar americano? O Presidente Lula pretende, certamente, que outros assumam os riscos da desvalorização dos seus parceiros comerciais.

Perante isto, como podemos levar a sério uma proposta de criação de moeda comum? Qual dos leitores investiria numa moeda com países sancionados, como o Irão ou a Rússia? Já existem os SDR – Special Drawing Rights do FMI, que são um activo de reserva composto por moedas estáveis com menor volatilidade do que as moedas emergentes.

Porque não adoptar esta referência? Ou então, o que impede o Banco Central da China de aceitar rublos, rupias, reais brasileiros ou pesos argentinos, e vice-versa? A resposta é ‘nada’.

Existindo acordos bilaterais tudo é possível, pelo que a história da criação de uma moeda comum não passa disso mesmo, de uma história para enganar muitos do pouco que é feito em países riquíssimos em recursos naturais e com um feroz inimigo, não o Ocidente, mas a corrupção.

E como confiar no sistema democrático ou de justiça de países como o Irão e a Arábia Saudita, ou na economia da Rússia e da África do Sul? Aliás, seria interessante saber qual o tipo de aplicações financeiras dos políticos dos países cuja moeda desvaloriza constantemente, e cuja inflação diminui ano após ano o seu poder de compra… Muito provavelmente são aplicações em dólares americanos.

Mas o mais preocupante é que o Ocidente não consegue passar a mensagem positiva que foi a evolução obtida nas últimas décadas, ao nível da protecção social, das liberdades conquistadas, da progressão económica, social e humana. Esta incapacidade, juntamente com a agenda aberta de empobrecer o Ocidente, irá colocar em causa as democracias mais depressa do que se possa pensar.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.