A resposta à situação económica, causada pela pandemia Covid-19, obrigou a medidas excecionais. Dessa forma, foram criadas soluções para a capitalização das empresas, surgiram medidas extraordinárias de apoio à manutenção do emprego e antevê-se a necessidade de reforçar o investimento público, que desempenhará um papel muito relevante nos tempos exigentes que temos pela frente. Estas medidas de estabilização económica e social encontram-se no ambicioso programa apresentado pelo Governo. 

A reconstrução da economia europeia com solidariedade é um imperativo. Essa necessidade levou a Comissão Europeia a apresentar o conhecido plano financeiro de 750 mil milhões de euros.  Só uma resposta determinada – com um envelope financeiro adequado e que tenha a solidariedade como premissa – pode permitir combater as desigualdades, garantir o emprego e as necessárias respostas sociais.  

Desta forma, acredito que este é o momento do nosso país e da Europa apostarem na reindustrialização e, simultaneamente, na sustentabilidade e na transição digital. Estes três vetores combinados devem ser uma chave para o nosso futuro.

A nível industrial, a crise demonstrou que a Europa não deve ter tanta dependência externa para a produção industrial e agrícola. Em relação à transição digital, já era um dos pilares do programa de Governo. Contudo, a situação sanitária veio acelerar necessidades e espoletar respostas. Temos de olhar para este momento crítico e garantir igualdade de acesso para todos e para todo o território. Temos a obrigação de não deixar ninguém para trás! 

Em relação à sustentabilidade, o desenvolvimento atual deve garantir a qualidade de vida das futuras gerações. O conceito de sustentabilidade apresenta várias vertentes: económica, social, ecológica, política, cultural e territorial. As políticas públicas de sustentabilidade devem ser transversais. Nas empresas, a sustentabilidade tem que ser mais que uma jogada de marketing e deve ser central no “governance”. A energia é central neste domínio, assim como uma aliada no combate contra as alterações climáticas. 

Na última legislatura, enquanto coordenador do Partido Socialista na comissão de inquérito das rendas excessivas, acompanhei o debate sobre o custo das energias renováveis. Uma das conclusões foi a de que energias renováveis e rendas excessivas não são sinónimo, muito pelo contrário. Em oposição ao que muito senso comum pode levar a crer, a aposta em energia limpas diminui os custos. Apostar no sol e no vento é apostar nos nossos recursos endógenos e na capacidade de garantir a nossa independência energética, com baixos custos para os consumidores e com segurança no abastecimento.

Dessa forma, o Plano Nacional de Energia e Clima (2020-2030), aprovado recentemente, apresenta como objetivo a produção de 47% da energia a partir de fontes renováveis, da qual 80% na eletricidade.  

Concluindo, a aposta na descarbonização é central na futura reconstrução económica, que deve assentar numa nova vaga de reindustrialização, mas sempre alicerçada na transição digital, no trajeto de uma economia mais verde e digital.