1. Nas últimas semanas, o Governo tem sido assolado por uma série de casos que envolvem ministros e secretários de Estado, uns do foro das incompatibilidades e da idoneidade, outros do foro da justiça, como é o caso que envolve o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e antigo presidente da Câmara Municipal de Caminha, Miguel Alves, que entretanto se demitiu.
Num dia sabemos que é um caso que envolve os terrenos e um adiantamento de 300 mil euros, no dia seguinte vimos a saber que o ex-autarca e agora governante do núcleo duro de António Costa já estava constituído arguido em mais dois processos. Na mesma altura, vem a público a contratação in extremis de um recém-licenciado de 21 anos, com uma média medíocre e que por pertencer ao aparelho do PS, melhor dizendo da JS, é contratado para assessor da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.
São casos extraordinários aquilo que as notícias nos trazem. Será que a maioria está “podre”? Será que pensa que pode fazer tudo, até humilhar os portugueses com uma decisão destas? O ilustre militante da JS não tem qualquer experiência profissional ou académica e vai receber 3.700 euros, coisa que nenhum recém-licenciado da sua idade pode almejar nos tempos mais próximos.
Podemos perguntar: esta contratação era fundamental, estratégica, cirúrgica? O que saberá Tiago Cunha que nós não sabemos? Porque vai parar repentinamente ao centro nevrálgico do poder executivo em Portugal, à Presidência do Conselho de Ministros (PCM)?
Como se isso não bastasse, António Costa, um estratega em assuntos políticos, percebeu as fragilidades das últimas semanas e entendeu reforçar o núcleo da central de comunicação do Governo, onde já estava João Cepeda, ex-jornalista do “Diário de Notícias” (DN) e criador da revista “Time Out” e do Mercado da Ribeira, juntando-se à equipa João Morgado Fernandes, antigo diretor-adjunto do DN e ex-assessor de José Sócrates.
Costa faz, assim, o que Durão Barroso e Nuno Morais Sarmento não conseguiram fazer há uns anos; Santana pensou mas não executou; Sócrates chegou a sonhar; mas Costa fez mesmo. Este Governo tem uma central de comunicação instalada em S. Bento e na PCM.
Os livros ensinam que as más notícias combatem-se com outras más notícias, embora notícias do quadrante oposto. Para os spin doctors é algo simples. E, sendo desprezível os alegados negócios em Oeiras e Odivelas, é interessante constatar o mediatismo assumido e que apagou completamente o caso Miguel Alves e os vários casos que envolvem secretários de Estado e ministros. Está nos livros como bem fazer política.
2. Delírio nos arrendamentos habitacionais, onde a opção por limitar a subida das rendas em janeiro fez com os 5,43% da subida correspondente à inflação registada passem, facilmente, para subidas médias de 10%. Os proprietários optam por denunciar os contratos que estão em final de prazo e voltam a arrendar pelo dobro daquilo que a inflação permitiria.
Os jovens nacionais dificilmente conseguem uma renda acessível, pois as rendas em Lisboa superiores a mil euros são apenas 2% da totalidade dos contratos. Os nómadas digitais representam a grande fatia da nova procura por rendas habitacionais.