O método de aprendizagem baseado em projeto (PBL, do inglês Project-Based Learning) é praticado em todos os níveis de ensino e em todo o mundo. É um método maleável, que se adapta bem à atual situação de ensino, entre aulas presenciais e online.

Parcialmente inspirado nas ideias de John Dewey, o PBL posiciona os estudantes no centro do processo de aprendizagem e incentiva a procura de conhecimento a partir da realidade, desafiando crenças e práticas tradicionais sobre a educação. Desde logo, porque os professores assumem, fundamentalmente, o papel de orientadores. Depois porque, no contexto de cada disciplina, cada grupo de projeto acaba por desenhar e definir os seus conteúdos específicos. Não se trata, porém, de um método consensual, nem para os professores, nem para os estudantes.

As resistências dos professores decorrem da intensidade do trabalho que o PBL exige, dados os constrangimentos institucionais. Por exemplo, a organização semestral das disciplinas dificulta a compatibilização dos objetivos do método (realizar um projeto a partir de um problema real) com os objetivos da disciplina (avaliar conhecimentos). Já os estudantes tendem a estranhar o regime de avaliação.

A pluralidade de conteúdos inerentes a cada projeto, os regulamentos de avaliação e a gestão das expectativas, no que respeita à valorização dos projetos, são também fatores que podem gerar mal-entendidos.

Tudo seria mais fácil se as faculdades estivessem organizadas em torno de um grande projeto mobilizador das contribuições de cada disciplina. Não é essa a nossa realidade, como não o é, aliás, na generalidade dos países em que o PBL é praticado no ensino superior. Até porque nem todos os estudantes estão igualmente motivados para a descoberta, para a investigação, para a reflexão.

Os estudantes que esperam a sequência de um programa e de um manual levam tempo a aderir ao PBL. O mesmo acontece com aqueles que preferem o trabalho individual e convivem mal com a colaboração exigida quando se faz parte de uma equipa de projeto.

Nestes casos, levam algum tempo a compreender que aprendem mais quando tomam a iniciativa de definir um projeto, de procurar e selecionar informação, de conceber um produto final que o divulgue. Pelo meio, participam ainda em debates e realizam as apresentações necessárias para partilhar as suas descobertas. As dificuldades são superadas pelos resultados: melhor aprendizagem, mais interesse e participação, mais criatividade, e projetos cuja qualidade, frequentemente, surpreende.

Com o PBL as queixas sobre a ‘inutilidade’ do que se aprende numa universidade perdem sentido, uma vez que o fundamental da aprendizagem é definido pelos próprios estudantes, ainda que essa definição tenha forçosamente de respeitar os limites programáticos de uma disciplina. Os estudantes aprendem a definir critérios para selecionar a informação existente na Web, compreendem que a teoria e a realidade prática estão relacionadas, iniciam-se, ainda que timidamente, no questionamento sistemático da informação e do conhecimento, pondo em causa as suas próprias crenças e as dos outros.

São, portanto, muitas as vantagens deste método. Não obstante, a sua prática singularizada ocasiona dissonâncias. Nem todas as disciplinas valorizam estudantes com autonomia e espírito crítico; nem todos os professores apreciam estudantes que os desafiem, que os questionem. Quando assim é, a generosidade do PBL pode ser posta em causa, o que, talvez seja apenas demonstrativo da urgência da sua adoção.