Num planeta cada vez mais quente e próximo dos seus limites ecológicos, os caminhos para a sustentabilidade tornaram-se inadiáveis. As alterações climáticas já se fazem sentir, e exigem uma resposta urgente e eficaz.

Podemos identificar três abordagens distintas a esta questão, consoante os contextos político-culturais:

  1. A abordagem norte-americana

Atualmente marcada por fortes correntes negacionistas, os Estados Unidos vivem um impulso de regresso ao seu antigo modelo de desenvolvimento – uma lógica ultrapassada (old thinking) que ignora a finitude dos recursos, incluindo a capacidade limitada do clima para absorver os excessos humanos. Esta visão não representa o futuro; pelo contrário, agrava o presente e atrasa a transição necessária.

  1. A abordagem chinesa

Desde Hu Jintao e, sobretudo, com Xi Jinping, a China consagrou a chamada “civilização ecológica” como o quinto pilar da sua estratégia de desenvolvimento. Trata-se de uma política de cima para baixo (top-down), que aposta no crescimento económico sustentado por uma visão ambiental e de sustentabilidade a longo prazo (new thinking).

Apesar do controlo estatal, esta abordagem não tem gerado, entre os cidadãos chineses, sentimentos de inferioridade ou descontentamento. Pelo contrário, contribui para a criação de uma nova economia, moderna e respeitadora da gestão dos seus recursos – embora com excessos que poderão, espera-se, ser corrigidos através de maior controlo sobre a corrupção e os interesses pessoais.

Os resultados são mensuráveis: por exemplo, em 2025, a China já conseguiu reduzir as suas emissões de carbono durante dez meses consecutivos, antecipando metas previamente estabelecidas.

  1. A abordagem europeia

Teoricamente exemplar, a União Europeia procura integrar um vasto leque de soluções sustentáveis, definidas por metas ambiciosas e regulamentadas com o contributo de cientistas, tecnólogos e decisores políticos (new thinking).

No entanto, estas políticas ainda não foram plenamente compreendidas nem interiorizadas por muitos cidadãos. A precariedade energética, a desigualdade, o desconhecimento e o receio de perda de conforto levam parte da população a rejeitar a transição – por vezes invocando, com base em prerrogativas democráticas, o direito de continuar com hábitos antigos (old thinking), como “não querer deixar de usar o carro para ir tomar café”.

Esta resistência, muitas vezes apoiada por discursos negacionistas e conservadores, enfraquece o avanço das políticas sustentáveis nas democracias, que não podem – nem devem – impor soluções autoritárias, à semelhança do modelo chinês.

Apesar disso, a experiência chinesa oferece uma lição importante: a criação de uma economia sustentável e forte que, de forma natural, induz os cidadãos a adotarem comportamentos mais responsáveis.

Um bom exemplo europeu poderá ser o setor da habitação: ao incentivar a utilização de materiais naturais, como a madeira, é possível evoluir para edifícios de emissões nulas (carbono neutro) e, simultaneamente, contribuir para o sequestro de CO₂ da atmosfera.

Esta transição pode ser promovida por regulamentação inteligente, que valorize os edifícios sustentáveis, premiando o conforto e a eficiência operacional.

Em conclusão. O modelo top-down das ditaduras não é, por definição, confiável – pode pender para diferentes extremos. Mas a introdução de pilares estratégicos sustentáveis, como o chinês, mostra que é possível gerar vantagem e progresso. A grande questão é: como tornar a democracia mais pragmática e eficaz sem abdicar dos seus princípios fundamentais? É urgente agir. Precisamos de rasgos de criatividade, visão e coragem política que nos coloquem rapidamente no caminho certo – porque o tempo está a esgotar-se.