Os países da União Europeia tentarão a partir desta segunda-feira encontrar uma frente comum contra as tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o bloco dos 27. O que está previsto é que seja aprovando um primeiro conjunto de contramedidas – que poderão ter um impacto de 28 mil milhões de dólares em países – onde já estão a China e o Canadá, por exemplo – que vão impor tarifas retaliatórias aos Estados Unidos.
O bloco dos 27 enfrenta tarifas de importação de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, além de tarifas recíprocas de 20% a partir de quarta-feira para quase todos os outros produtos. As novas tarifas de Trump cobrem cerca de 70% das exportações da União para os Estados Unidos — no valor total de 532 mil milhões de euros (585 mil milhões de dólares) no ano passado — com prováveis impostos sobre cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira ainda por decidir.
A Comissão Europeia vai propor aos membros (esta segunda-feira à noite) uma lista de produtos norte-americanos que serão afetados por tarifas extraordinárias. A lista deve incluir carne, cereais, vinho, madeira e roupa dos Estados Unidos.
Luxemburgo sediará esta segunda-feira a primeira reunião política da União desde o anúncio de Trump sobre as tarifas abrangentes. Ali, os ministros responsáveis pelo comércio dos 27 vão debater o impacto e a melhor forma de responder aos Estados Unidos. A União tem como principal objetivo, neste momento, encontrar uma mensagem unificada que seja de uma plataforma para negociar com Washington a remoção das tarifas – mas que sirva também, se essa remoção for impossível de alcançar, como ‘arma de arremesso’ imediato.
À partida, não é garantido que a resposta comum seja fácil de alcançar. Trump sabe disse e a sua aposta é precisamente a de quebrar qualquer tipo de consenso que possa vir a surgir entre os 27. A França disse que o bloco deveria trabalhar num pacote que fosse muito além das tarifas e o presidente francês Emmanuel Macron sugeriu que as empresas europeias deveriam suspender os investimentos nos Estados Unidos até que “as coisas sejam esclarecidas”. A Irlanda, país onde o mercado norte-americano representa cerca de 30% das exportações, pediu uma resposta “comedida”. A Itália, o terceiro maior exportador da União para os Estados Unidos, questionou se os 27 deveriam reagir, sugerindo que ‘fazerem-se de mortos’ seria a melhor opção. Há por isso em confronto três vias distintas que a Comissão vai agora tentar harmonizar – um trabalho que se revela hercúleo.
Recorde-se que, até ao momento, as negociações com Washington não trouxeram qualquer resultado. O comissário responsável pelo Comércio da União, Maros Sefcovic, esteve reunido com responsáveis norte-americanos na passada sexta-feira – tendo descrito o encontro como “franco”.
As contrapartidas às tarifas serão, de qualquer forma, submetidas a votação na quarta-feira e serão aprovadas, exceto no caso improvável de uma maioria qualificada de 15 membros da UE, representando 65% da população da UE, se opor a elas. Entrarão em vigor em duas etapas: uma pequena parte a 15 de abril e o restante um mês depois. A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, terá encontros separados na segunda e terça-feira com responsáveis dos setores siderúrgico, automóvel e farmacêutico para avaliar o impacto das tarifas e determinar o que fazer a seguir.
Entretanto, o diretor do Conselho Económico Nacional dos EUA, Kevin Hassett, revelou que mais de 50 países já entraram em contacto com a Casa Branca para iniciar negociações sobre as tarifas globais impostas por Donald Trump. “Recebi ontem à noite um relatório segundo o qual mais de 50 países contactaram o presidente para iniciar negociações”, disse Kevin Hassett em declarações à ABC News. Hassett disse também que Donald Trump tomou a decisão certa ao não incluir a Rússia na lista de países visados pelas tarifas: “não era apropriado” impor tarifas à Rússia enquanto a Casa Branca e o Kremlin mantêm negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia.
Por seu turno, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que “não há nenhuma razão” para que as tarifas provoquem uma recessão económica e desvalorizou a agitação que o anúncio das tarifas provocou – que considerou ser uma reação natural a “curto prazo”.
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