A Comissão Europeia apresentou, esta quarta-feira o Plano Europeu de Luta contra o Cancro, com uma nova abordagem da União Europeia para a “prevenção, tratamentos e cuidados de saúde”.
O executivo de Ursula von der Leyen reservou quatro mil milhões de euros para financiar ações destinadas a melhorar a prevenção, diagnóstico, tratamento e sobrevivência de doentes, e fixou metas para a redução do consumo de tabaco, bebidas alcoólicas e carnes vermelhas que contribuem para elevar o risco de cancro, como também para alargar a cobertura da vacina contra o HPV ou do acesso aos exames de rastreio dos cancros da mama, colo do útero e colorrectal.
“Tendo como base as novas tecnologias, a investigação e a inovação, o Plano de Luta contra o Cancro define uma nova abordagem da União Europeia (UE) em matéria de prevenção, tratamento e cuidados oncológicos”, lê-se no comunicado, que informa ainda que este plano “abordará todo a percurso da doença, da prevenção à qualidade de vida dos doentes e sobreviventes do cancro, centrando-se nas ações em que a UE pode proporcionar o maior valor acrescentado”.
Durante o seu discurso de apresentação do plano, Ursula von der Leyen, relembrou as mais de um milhão de vítimas que morreram de cancro, “o dobro das vítimas do coronavírus”, sendo que só no ano passado foram diagnosticadas com cancro mais de 15 mil crianças europeias.
“Trata-se de um plano para colocar a inovação e as novas tecnologias ao serviço dos cuidados oncológicos. É um plano para a prevenção e a deteção precoce”, explicou.
Comissão Europeia estabelece “metas tangíveis” no Plano de Luta contra o Cancro
Para prevenir a ocorrência de cancros, o executivo comunitário propõe ações com o “objetivo de reduzir fatores de risco”, dando o exemplo do “consumo nocivo de álcool”, “poluição ambiental”, “o tabaco”, e apontando o objetivo de “assegurar que menos de 5% da população use tabaco até 2040”.
Com o objetivo de “eliminar os cancros do colo do útero ou outros cancros derivados do papilomavírus humano (HPV)”, a Comissão prevê também a administração da vacina HPV a “pelo menos 90% das raparigas” e a um número crescente de rapazes.
A deteção de doenças oncológicas num estado inicial tem também um lugar central no plano da Comissão, prevendo o executivo comunitário que, até 2025, seja oferecido o rastreamento de cancros na mama, do colo do útero ou do cólon a 90% da população europeia.
No que se refere aos pacientes diagnosticados com uma doença oncológica ou que estejam em tratamento, a Comissão quer lançar uma iniciativa intitulada ‘Diagnóstico de cancros e tratamento para todos’ até ao final do ano, para “ajudar a melhorar o acesso a diagnósticos e tratamentos inovadores”.
No mesmo âmbito, o executivo quer também assegurar que, até 2030, 90% dos “pacientes elegíveis” têm acesso a Centros Nacionais de Oncologia – que se coordenarão através da criação de uma nova rede europeia – para responder ao “acesso desigual a tratamentos de qualidade e a fármacos”.
A Comissão prevê ainda a “melhoria da qualidade de vida dos sobreviventes ou pacientes oncológicos”, através de medidas que procuram responder à “reabilitação, à recorrência potencial de tumores e a doenças metastáticas”, mas também ao “apoio à integração social e à reintegração no local de trabalho”
Entre as medidas transversais às áreas identificadas, está a criação de um Centro de Conhecimento sobre o Cancro – que será desenvolvido entre 2021 e 2022 e que assegurará uma “melhor coordenação de iniciativas científicas e técnicas ao nível europeu” – e o desenvolvimento da Iniciativa Europeia de Imagiologia de Cancros, com o objetivo de propor “soluções inovadoras para [assegurar] maior precisão e fiabilidade no diagnóstico”.
Entre as estatísticas apresentadas pela Comissão para justificar a necessidade do plano, é referido que “a Europa corresponde a um décimo da população mundial, mas representa um quarto dos casos de cancro globais”, estando previsto que esses números “aumentem em quase 25% até 2035, tornando [o cancro] como a principal causa de óbitos na UE”. Em 2020, 2,7 milhões de pessoas foram diagnosticadas com cancro, e 1,3 milhões morreram da doença na União Europeia (que apesar de conter um décimo da população mundial representa um quarto dos casos de cancro). As perspectivas são tudo menos animadoras: estima-se que dentro de 15 anos, os casos de cancro aumentem 25%, fazendo desta doença a principal causa de morte na UE.
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