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Universo EDP afunda 930 milhões com críticas de Trump às energias renováveis

Donald Trump lançou duras críticas à energia eólica e promete não autorizar novas centrais, mas importantes estados republicanos apostam neste sector, como o Texas.
1º EDP: A empresa liderada por Miguel Stilwell mantém a liderança das marcas valiosas, com um valor de mercado de 2,4 mil milhões de euros, apesar de ter desvalorizado 4%.
9 Janeiro 2025, 07h00

A EDP e a EDP Renováveis desvalorizaram 937 milhões de euros na quarta-feira com as palavras de Donald Trump sobre as energias renováveis.

Donald Trump disse que não quer novas centrais eólicas nos EUA e as ações da família EDP afundaram na sessão de quarta-feira.

“É a energia mais cara que existe. É muito, muito mais cara do que o gás natural limpo, por isso vamos tentar uma política onde não há centrais eólicas a serem construídas”, disse Donald Trump numa conferência na Flórida, citado pela “Reuters”.

“Sujam o nosso país, estão a sujar todo o país, é como deitar lixo para o campo. Estão a enferrujar, apodrecer, a fechar, a cair… E colocam novas ao seu lado porque ninguém as quer deitar abaixo. É muito caro deitá-las abaixo”, acrescentou.

“Não funcionam sem subsídio. Não queremos energia que precise de subsídio”, afirmou em declarações reproduzidas, por sua vez, pelo “The Hill”.

A EDP Renováveis afundou quase 5% para 9,28 euros, com 1,63 milhões de ações negociadas, acima da média de 1,12 milhões de ações negociadas nos últimos três meses.

Já a EDP perdeu quase 3,3% para 3,067 euros, com mais de 15 milhões de ações negociadas, acima da média de 8,3 milhões do último trimestre.

A EDP desvalorizou mais de 30% no espaço de um ano, com a EDPR a afundar 43% no mesmo período.

A EDP tem vindo a desvalorizar a ameaça de Donald Trump, apontando que o apoio para as energias renováveis tem sido feito ao nível dos estados, incluindo o Texas, um bastião republicano.

Entre os investidores, existem muitas dúvidas sobre o desenvolvimento do mercado eólico norte-americano, o segundo maior a nível mundial, apenas atrás do da China.

Na Europa, outras cotadas energéticas com investimentos nos EUA também sofreram na pele e afundaram entre 3% a 7% na quarta-feira: as elétricas dinamarquesa Orsted e a alemã RWE, e os produtores de turbinas como a Siemens Energy, Nordex e Vestas.

O presidente eleito tem sido muito crítico do pacote de fomento industrial verde, o Inflation Reduction Act (IRA), lançado por Joe Biden.

Analistas do DNB Market dizem que, neste momento, é incerto como é que Trump vai implementar os seus planos, dada a importância do sector eólico em importantes estados republicanos como o Texas.

Em maio, Donald Trump já tinha criticado as centrais eólicas offshore, prometendo terminar com as mesmas no “primeiro dia” na Casa Branca. Antes, acusou estas centrais marítimas de contribuírem para a morte de baleias, o que foi desmentido pelo National Oceanic and Atmospheric Administration.

O JE pediu uma reação à EDP sobre as palavras de Donald Trump, mas não obteve resposta.

Também os analistas têm dúvidas sobre o impacto da ação da Casa Branca no sector. “Nos próximos anos, não há muito que o presidente possa fazer para desacelerar projetos. Existe um pipeline robusto de projetos nos próximos anos”, disse David Brown, da consultora Wood Mackenzie, dando o exemplo da eólica offshore “onde existe claridade para os próximos cinco a 10 anos” em termos de capacidade.

Apesar de apontar baterias às energias renováveis, os subsídios aos combustíveis fósseis atingiram um máximo histórico em todo o mundo, com os subsídios ao petróleo a dispararem 85% em 2022, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA).

Renováveis tiveram forte crescimento com Trump 1.0

Quando Donald Trump voltou a ser eleito para a Casa Branca no início de novembro, o CEO da elétrica recordou que o sector das energias renováveis teve “forte crescimento” na primeira passagem de Donald Trump na Casa Branca, destacando o avanço em “estados republicanos”, como o Texas.

No caso do programa de fomento industrial IRA, Miguel Stilwell d’Andrade sublinhou que tem beneficiado os estados republicanos, o que “torna improváveis cortes substanciais na legislação”, afirmou na ocasião numa chamada com analistas. As energias renováveis são cruciais nos próximos anos para “centros de dados” e centros de mineração de criptomoedas, afirmou, na chamada.

As duas cotadas do grupo EDP desvalorizaram 2,5 mil milhões de euros a 6 de novembro passado com a reeleição de Donald Trump.

Recordando que a companhia está presente nos EUA desde 2007, tendo atravessado “vários ciclos políticos”, sublinhou que 50% do portfólio de ativos está nos EUA, esperando instalar dois gigas este ano e mais dois gigas em 2025.

O gestor destacou que a empresa conta com maior peso de painéis solares produzidos nos EUA, não estando dependente de produtores chineses, o que já causou problemas no passado.

Sobre a energia eólica offshore, onde tem havido uma “oposição vocal”, defendeu que é preciso uma “abordagem cautelosa”, mas sinalizou que há uma “forte procura por este sector”, em particular na costa leste do país. “Estamos muito apoiados em apoiar esta indústria”.

“Acreditamos fortemente no mercado norte-americano de energias renováveis, mas vamos analisar as implicações, existe uma incerteza natural devido à mudança de administração”, afirmou, apontando que nas “próximas semanas e meses vamos estar atentos a quem vai ser nomeado e a quaisquer mudanças de políticas”.

 

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