Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos EUA, falava em 2012 da existência de known knowns, known unknowns e unknown unknowns para se referir à possibilidade de o Iraque ter armas de destruição maciça. Desde então, os analistas de mercados apropriaram-se desta formulação para organizar ideias quanto aos riscos a observar. Como transportar estes conceitos para 2020?

Os known knowns são as coisas que sabemos que sabemos. Por exemplo, o Brexit, a desaceleração da economia ocidental, o envelhecimento populacional, a crise de refugiados, a situação na Venezuela ou na Coreia do Norte, os desafios da indústria automóvel ou o facto de a política monetária se encontrar praticamente esgotada.

Os known unknowns são as coisas que sabemos que não sabemos ou de evolução mais incerta. É sobre estes temas que grande parte das análises e conjeturas são feitas. No contexto atual, alguns exemplos seriam a evolução da guerra comercial, a velocidade da desaceleração na China, o resultado das eleições presidenciais nos EUA ou o impacto do fim das taxas de juro negativas, quando e se acontecer.

Já os unknown unknowns são as coisas que desconhecemos totalmente e que surgem como surpresas. Em janeiro tivemos dois grandes exemplos: o ataque ao general iraniano Soleimani e o coronavírus. Agora, contudo, eles já passaram a ser known unknowns – problemas com os quais há que lidar.

É praticamente impossível prever unknown unknowns, os quais são quase sempre os responsáveis pelos maiores choques e crises. Agora fala-se da possibilidade de o vírus do novo surto de gripe das aves poder sofrer uma mutação e contagiar os humanos de forma ainda mais severa, mas… who knows?