A APBA – Associação Portuguesa de Business Angels estima que os fundos aplicados por estes investidores em Portugal aumentem 50% em 2018, atingindo os nove milhões de euros. O principal motivo deste previsível crescimento é, segundo a APBA, a linha de financiamento da Instituição Financeira de Desenvolvimento destinada a entidades veículo de business angels, que disponibiliza quase 20 milhões de euros de incentivos para os próximos dois anos e meio.

Devemos, naturalmente, congratularmo-nos com o crescente dinamismo dos business angels em Portugal. Numa altura em que assistimos a um boom de startups inovadoras e vemos muitas empresas com potencial a necessitar de ganhar escala, é importante garantir fontes de financiamento alternativas ao crédito bancário. Mais ainda se esse investimento incluir não apenas capital, mas também know-how. Parece-me estratégico que as empresas em fases iniciais de desenvolvimento ou em processos de escalabilidade usufruam da experiência financeira, do conhecimento empresarial, da visão estratégica e das relações com o mercado dos business angels.

Neste sentido, afigura-se pertinente aproximar os nossos benefícios fiscais para business angels dos que vigoram nos países mais desenvolvidos e com ecossistemas empreendedores mais vigorosos. É certo que o Programa Semente já prevê incentivos fiscais para quem investe em startups, permitindo a um investidor privado deduzir no IRS, até 100 mil euros, os seus ganhos com lucros e mais-valias. Mas nos EUA, Reino Unido ou França, por exemplo, há a possibilidade de abater à matéria coletável 20 a 25% do valor dos investimentos efetuados em empresas em fases iniciais.

Um quadro fiscal mais favorável e uma política de incentivos financeiros mais estável, previsível e robusta permitiria atacar um dos principais problemas dos business angels portugueses identificados pela APBA: a falta de escala internacional. Ou seja, os nossos business angels direcionam os seus investimentos preferencialmente para startups em fases iniciais e que, por isso, ainda operam no mercado interno. Convinha, agora, que os business angels nacionais se focassem em startups de crescimento acelerado, que necessitam de investimento para escalarem os seus negócios e internacionalizarem as suas atividades.

Nestes casos, porém, os montantes de investimento têm de ser mais elevados. É indispensável músculo financeiro para promover a aceleração, crescimento e globalização de empresas em fase growth – o que normalmente acontece em rondas de investimento internacionais, com tudo o que isso significa de competitividade acrescida. Há, pois, a necessidade de fazer um upgrade da atividade dos business angels portugueses, podendo este processo passar por mais operações conjuntas através de fundos partilhados e de mecanismos de coinvestimento.