A Organização Mundial de Saúde (OMS) define resistência antimicrobiana (RAM) como a capacidade de um microrganismo resistir aos efeitos de um agente antimicrobiano. Isto significa que os tratamentos normais tornam-se ineficazes, as infeções persistem e podem transmitir-se.

É um desafio urgente, face a cerca de 700 mil mortes por ano a nível mundial, incluindo 33 mil na Europa. Em 2016 um estudo concluiu que, sem uma ação urgente, superbactérias multi-resistentes podem matar dez milhões de pessoas por ano até 2050, com custos globais para a economia que podem chegar aos 100 biliões de dólares.  Sob a liderança do Reino Unido, a comunidade internacional adotou em 2016 uma declaração política sobre a RAM no quadro da ONU. O Secretário-Geral António Guterres definirá os próximos passos em setembro deste ano.

Só no Reino Unido, este problema tem um custo estimado para o SNS de cerca de 101 milhões de euros por ano. Em janeiro, o ministro da Saúde Matt Hancock definiu a visão do Reino Unido para combater a RAM nos próximos a 20 anos, centrada na prevenção, inovação e colaboração; e publicou o plano de ação nacional para cinco anos. As metas incluem reduzir o número de infeções resistentes a medicamentos em 10% até 2025; reduzir o uso de antibióticos em humanos em 15%; e evitar que pelo menos 15 mil doentes por ano contraiam infeções resultantes de cuidados de saúde, até 2024.

Também precisamos de investir na investigação de novos antibióticos. Nos últimos 40 anos foram descobertos apenas dois novos antibióticos. Contribuir para uma maior consciencialização pública é outro desafio fundamental. Com este objetivo em mente, a Embaixada Britânica em Lisboa, em parceria com o Pint of Science Portugal, uma rede de comunicação científica em crescimento, convidou dois investigadores portugueses para partilharem os resultados da sua investigação sobre este tema com um público interessado.

As infeções resistentes a medicamentos reduzem a segurança do doente. Em maio deste ano, na Assembleia Mundial de Saúde, o Reino Unido vai apresentar uma resolução no âmbito da OMS, propondo uma “Ação Global para a Segurança do Doente”. Esta resolução apela aos Estados-membros para reconhecerem a segurança dos doentes como prioridade nacional; para garantirem que a segurança do doente seja uma prioridade no âmbito da OMS; e para que seja instituído o Dia Mundial da Segurança do Doente a 17 de setembro.

Quer se trate da RAM ou da segurança do doente de uma forma mais alargada, o Reino Unido nada pode fazer sozinho. Continuaremos a trabalhar com parceiros que têm uma visão semelhante, como Portugal, para enfrentar este enorme desafio global.