A UVE (Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos) lançou hoje um manifesto, no qual deixa duras críticas ao Governo “pela falta de decisões claras” na mobilidade elétrica em Portugal, que tem provocado “investimentos e desenvolvimentos cancelados, devido ao clima de incerteza, criando a estagnação de decisões importantes para a evolução da mobilidade elétrica em Portugal”.
A mobilidade é atualmente tutelada pela secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, e pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.
“As declarações por parte da tutela seguiram num sentido de alterações mais profundas, sugerindo mesmo o fim do modelo de rede atual e não a sua evolução e melhoria. Desde junho de 2024, temos assistido a compromissos de datas, que são adiadas e canceladas por parte da tutela, até chegarmos ao momento atual onde não existe qualquer ideia ou compromisso de conclusão do trabalho que está a ser executado”, pode-se ler no manifesto.
“É neste estado que nos encontramos no presente momento: dúvidas nas verdadeiras alterações que a tutela pretende levar a cabo, que instalaram um clima de incerteza em todos os agentes de mercado, principalmente nos Operadores de Pontos de Carregamento e nos Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica. Num sector de forte investimento a incerteza é o nosso pior inimigo. A falta de decisão, mas continuarem a ser dados sinais de alterações profundas sistematicamente, não promove a estabilidade, mas sim cancela os investimentos e desenvolvimentos e promove a estagnação de decisões importantes”, critica a UVE.
A associação continua: “a incerteza gerada pelas entidades responsáveis pelo sector tem prejudicado o investimento privado e o normal desenvolvimento da infraestrutura, afetando principalmente os Operadores de Pontos de Carregamento e Comercializadores de Eletricidade e, consequentemente, os utilizadores”.
A UVE também deixa críticas ao aumento das tarifas de carregamento e a complexidade dos tarifários, que considera “não estarem a ser enfrentados como prioridade, devido à incerteza instalada”, apontando para subidas médias de 5% nos custos de carregamento na rede pública, “com os novos postos que entraram em funcionamento em dezembro a apresentarem valores, em média, 28% superiores aos de janeiro de 2024”.
Em 2022, a UVE defendeu a simplificação dos tarifários disponibilizados aos utilizadores, “mas a implementação tem sido lenta: no final de 2024 apenas 11,4% dos postos de carregamento tinham adotado esta simplificação”.
Por outro lado, a “burocracia é também um obstáculo, com dificuldades na ligação dos postos de carregamento à rede elétrica e no licenciamento de espaços públicos, prejudicando o crescimento da infraestrutura. Fechamos o ano de 2024 com quase 300 postos de carregamento rápido e ultrarrápido que aguardam ligação à rede elétrica”.
A UVE acredita que os principais CEME (Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica), que detêm as maiores redes de pontos de carregamento, “possuem uma responsabilidade acrescida na disponibilização de soluções que proporcionem uma melhor
experiência ao utilizador, pelo que devem concentrar esforços neste domínio e potenciar a utilização da rede pública”.
Para terminar, a UVE defende a “necessidade urgente de soluções claras para melhorar o modelo atual, de forma a oferecer um serviço de melhor qualidade aos utilizadores e garantir o desenvolvimento eficiente da mobilidade elétrica em Portugal”.
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