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Vaga de frio polar nos EUA com impacto negativo nos lucros da EDP Renováveis

A vaga de frio polar nos Estados Unidos teve um impacto negativo na operação da EDP Renováveis no primeiro trimestre, com os lucros a recuarem 39%.
13 Maio 2021, 07h55

Os lucros da EDP Renováveis afundaram 39% para 38 milhões de euros no primeiro trimestre face a período homólogo.

A impactar negativamente o resultado esteve a vaga de frio polar registada nos Estados Unidos este ano.

No primeiro trimestre, a produção de eletricidade na América do Norte recuou 3% para 4.551 gigawatts hora (GWh), com as vendas de eletricidade a afundarem 26% para 142 milhões de euros.

Na Europa, o seu segundo maior mercado, a produção de eletricidade subiu 15% para 3.344 Gwh, enquanto a venda de eletricidade subiu 7% para 253 milhões no mesmo período.

O EBITDA desceu 21% para 269 milhões de euros “devido à performance das receitas que foram principalmente impactadas pelo evento climatérico extraordinário dos EUA, pelo impacto negativo em companhias associadas devido aos requerimentos da JV Offshore [Ocean Winds com a Engie] necessárias para suportar projetos em construção e forex”.

Já as receitas recuaram 8% para 448 milhões de euros, impactadas pelo impacto da capacidade renovável (-14 milhões, incluindo venda de ativos), preços de venda mais baixos (-16 milhões). O impacto negativo foi ligeiramente mitigado pelo recurso eólico ligeiramente superior (mais 9 milhões).

O preço médio de venda recuou 8% “conduzido ​pelo efeito mix do portfólio espanhol médio anual após transações de Sell-down, hedging nos EUA devido ao evento climatérico extraordinário e efeito cambial desfavorável”.

Em termos de fator de utilização, a operação nos EUA recuou apenas 1 ponto percentual para 36%, com a operação europeia a subir 2 pontos para 32%.

A 24 de fevereiro, o presidente executivo da EDP Renováveis, apontava que a vaga de frio polar tinha tido um “impacto limitado” nas operação da empresa no estado do Texas, com menos de 10% da capacidade instalada de 1 gigawatt a ser afetada.

A companhia portuguesa conta com quatro centrais eólicas neste estado: Lone Star Wind Farm (400 megawatts), Los Mirasoles (250 MW), Wilcat Creek (180 MW) e Reloj del Sol (209 MW).

A ação das equipas da EDP Renováveis no terreno contribuiu para mitigar os efeitos negativos. “A rápida resposta e a gestão de risco permitiu ter a expectativa de um impacto na casa dos 10 milhões no primeiro trimestre”, com o impacto exato a ser conhecido nas próximas semanas, disse o também presidente do grupo EDP a 24 de fevereiro.

As “extremas condições meteorológicas” tiveram “impacto na rede elétrica que provocou aumentos de preços que chegaram a atingir os nove mil dólares por megawatt hora”, destacou Miguel Stilwell de Andrade.

O Texas chegou a atingir temperaturas de 18 graus negativos nas últimas semanas. O consumo de eletricidade disparou e tiveram início os apagões de energia.  O próprio operador estadual da rede elétrica começou a provocar apagões programado de forma a reduzir a sobrecarga na rede.

A cidade de Dallas registou 10 graus negativos, um contraste com os 15 graus centígrados que costuma registar nesta altura do ano, de acordo com a “BBC”.

E ao mesmo tempo que os texanos ligaram os seus aquecedores, a produção de eletricidade foi impactava. As turbinas eólicas na parte norte do estado pararam de funcionar, e as centrais de gás natural foram fechadas depois de os gasodutos terem gelado, noticiou a “Reuters” a 20 de fevereiro.

Apesar deste fenómeno meteorológico ser raro no Texas, em 2011 houve uma vaga de frio, embora menos grave mas que também provocou problemas no abastecimento de eletricidade. Antes disso, houve vagas de frio em 1983, 1989, 2003, 2006, 2008 e 2010.

Mesmo com esse episódio, “os produtores de eletricidade do Texas falharam em adaptar os seus sistemas” para se tornarem mais resistentes ao inverno, conclui a “Reuters”.

De um total de 26 milhões de clientes do operador de rede, 4,5 milhões sofreram cortes no abastecimento de eletricidade na última semana. Já 14,5 milhões de texanos sofreram cortes no abastecimento de água por os canos terem congelado e rebentado.

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