“Hoje em dia está na moda falar sobre a Nova Economia. Mas quando penso nos imperativos deste mercado, vejo a economia como a Economia do Valor. Adicionar Valor tornou-se mais do que apenas um princípio dos negócios; é tanto o seu denominador comum, como a sua Vantagem Competitiva.”

– Arthur Levitt Jr., Consultor e Regulador Financeiro

 

Cada vez mais presente em todos os países, está a necessidade de investimento para alavancar a criação de riqueza nacional. Nos países mais ricos, o capital acumulado para esses novos investimentos, geralmente estruturantes, existe, o mesmo já não se podendo dizer para outros países, como é o caso de Portugal.

Não existindo acumulação de capital em Portugal para alavancarmos investimentos, concorremos no mercado internacional com outros países na nossa situação para captar quem o venha a fazer: IDE – Investimento Directo Estrangeiro. Mas quem vai investir (antes de dar esse passo) é normal que faça um estudo do país e que pese as suas vantagens competitivas.

Se há 50 anos o paradigma era a visão de David Ricardo e a sua teoria das Vantagens Comparativas, deixou de o ser a partir do momento em que Michael Porter escreveu a A Vantagem Competitiva das Nações”. Mas, ao que parece, Portugal ainda não assimilou bem esta teoria que mais não é do que um “Guia de Boas Práticas” para os países conseguirem atrair esse IDE de que tanto necessitam para a criação de riqueza.

Estas Vantagens Competitivas terão que ser criadas pelos próprios países. Não me refiro a fatores produtivos, como os recursos humanos, o conhecimento, o capital ou os recursos físicos. Antes de tudo isto, e aquilo em que os investidores mais colocam o seu foco, é nas infraestruturas.

Não se pode atrair IDE se o país não proporcionar infraestruturas de qualidade – um bom sistema de transportes (que ajude a colocar a sua produção rapidamente nos países de exportação); um sistema de comunicações eficiente; um sistema de financeiro moderno (em que os pagamentos ou transferências de fundos sejam imediatos); um sistema de saúde eficaz; custos energéticos baixos e competitivos; um sistema judicial célere e eficiente; um sistema fiscal que garanta estabilidade (pelo menos) a 10 anos; um sistema de segurança que assegure a tranquilidade do investidor; instituições culturais e um parque habitacional de bom nível, que afetem positivamente a qualidade de vida dos que vêm com o projecto, no sentido de se apresentar como um lugar agradável para viver e trabalhar.

Não podemos perder de vista que, nos casos de IDE estruturantes, a alta direcção é, de uma maneira geral, oriunda do país investidor, e se esses quadros não encontrarem no país de acolhimento estas condições, o investidor irá pensar num outro país para investir.

A vantagem competitiva advinda dos factores anteriormente referenciados, depende da eficiência e efectividade com que Portugal os possa fornecer.

É ao Estado e ao governo que compete criar estas vantagens competitivas estruturais, para que, na hora da decisão, o investidor opte pelo nosso país. Mas mesmo assim pode não ser suficiente. A simples disponibilidade destes factores não basta para explicar o sucesso competitivo; na verdade, uma grande maioria de nações possuem alguma reserva de factores atraentes que nunca foram usados, com frequência, para a atração do IDE.

No caso de Portugal, deve ser exponenciado (por quem tem a tarefa da atração do IDE), a nossa frente marítima – porta vasta e aberta para todo o mundo; a nossa relação privilegiada com a América do Sul e certos países de África e Ásia; a estabilidade do país europeu mais antigo com as actuais fronteiras; a especificidade do nosso ameno clima durante todo o ano; existência de mão-de-obra qualificada; grande propensão para falar línguas estrangeiras (principalmente por parte dos mais jovens) – tudo isto, são vantagens competitivas que devemos aproveitar para captarmos investimento exógeno.

É verdade que tudo o que referenciei é importante, mas não se podem negligenciar outros factores, como a produtividade que induz a competitividade.

Nada dará certo se não existir um índice de produtividade que vá ao encontro daquilo que as empresas necessitam. Mas aqui posso ilustrar com um exemplo que todos conhecemos: a AutoEuropa – durante muitos anos a mais competitiva de todo o Grupo alemão – com trabalhadores portugueses, desde a montagem à gestão de topo.

Portanto, se a nossa produtividade a nível nacional, não conseguir competir com a de outros países, ao menos que todos os factores críticos que assinalei se perfilem como amortecedores” e que remetam para a organização e métodos do investidor, criando condições para incrementar os níveis de produtividade. Porque está visto em muitos exemplos que os portugueses sabem trabalhar (e bem) só que, na maior parte dos casos, são mal conduzidos, trabalhando por isso muitas horas, recebendo pouco e não acrescentando ao processo produtivo aquilo que deveriam acrescentar, por falta de organização de quem os comanda.

O Governo não tem a palavra, mas sim uma Enciclopédia para efectivar a cativação desse investimento, assim tenha pessoas competentes para o fazer!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.