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Venda da Cimpor: como se desfez o ‘império’ cimenteiro em Portugal

A Cimpor chegou a operar em quatro continentes e em 12 países. A empresa extingue-se, mas permanece a marca. E fica a promessa dos turcos em “fazer da Cimpor novamente uma grande empresa”.
18 Janeiro 2019, 19h09

A cimenteira Cimpor foi durante décadas um nomes mais altos da indústria portuguesa, dando cartas tanto em território nacional, como lá fora, onde conseguiu desenvolver negócio em 12 mercados estrangeiros, em quatro continentes. Está agora nas ‘mãos’ do maior fundo de pensões da Turquia, o Ordu Yardimlasma Kurum (OYAK) que, segundo a agência Reuters, comprou o que restava do ‘império’ cimenteiro em Portugal e em Cabo verde: três fábricas e as duas moagens de cimento, as 20 pedreiras e as 46 centrais de betão, revelaram, em comunicado.

O que é o OYAK?

É o fundo de pensões da forças armadas turcas fundado em 1961. Em 2012, já contava com mais de 250 mil membros. O Oayak detém o Oyak Holding, uma empresa de investimento e um dos maiores grupos industriais da Turquia, com diversos investimentos em variados setores de atividade, desde a metalurgia, o setor automóvel, a energia, a agricultura, finanças,betão e exploração mineira, entre outros.

Emprega cerca de 30 mil pessoas em 19 países e, em 2017, apresentou um volume de negócios de 10,2 mil milhões de euros, cerca de 8,92 mil milhões de euros.

Como se deu a desfragmentação da cimenteira?

A (parte da) Cimpor que os turcos adquiriram resultou da desfragmentação que assolou a empresa. Em 2012, a brasileira InterCement lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) à cimenteira portuguesa, que aproveitou um guerra entre os acionistas da Cimpor na altura, onde se incluíam, entre outros a Caixa Geral de Depósitos, o fundo de pensões do BCP ou Pedro Queiroz Pereira.

A InterCement ‘aliou-se’ à rival, e também acionista da Cimpor, Votorantim, e a OPA concluiu-se com êxito. As duas empresas dilaceraram a Cimpor em duas partes idênticas, divindindo os ativos que a empresa detinha pelo mundo fora.

Em dezembro de 2018, o Oyak adquire os ativos que a Cimpor detinha em Portugal e Cabo Verde à InterCement. A transação passou pelo crivo da Bruxelas, com a Direção-geral da Concorrência da Comissão Europeia a dar luz verde ao negócio.

A InterCement tinha necessidade de reduzir a dívida do acionista brasileiro e vendeu a Cimpor ao Oyak, por 700 milhões de euros, segundo a agência Reuters.

Como nasceu a Cimpor?

A Cimpor nasceu da convulsão da revolução do 25 de abril, sendo criada em 1976, reunindo um conjunto de cimenteiras nacionalizadas. Regressou ao capital privado em 1994, mas há antes, o referencial de gestão da empresa, Sousa Gomes, iniciou a cimenteira portuguesa num dos mais interessantes e bem sucedidos processos de internacionalização da economia portuguesa, ajudando a criar bases operacionais em mais de uma dezena de mercados externos.

A Cimpor chegou a operar em quatro continentes e em 12 países: Portugal, Espanha, Brasil, Egipto, Marrocos, Moçambique, África do Sul, China, Índia, Tunísia, Turquia e Peru.

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