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Venezuela: EUA reiteram que não há condições para eleições em dezembro

“Continua a repressão e intimidação dos opositores ao regime do Presidente Nicolas Maduro. Não vemos condições para que as eleições na Venezuela se realizem”, explicou Abrams, para justificar a posição dos EUA sobre a necessidade de alterações profundas.
16 Setembro 2020, 19h42

O representante especial dos Estados Unidos para a Venezuela e para o Irão, Elliot Abrams, disse hoje que não há condições, técnicas e políticas, para a realização das eleições venezuelanas marcadas para 06 de dezembro.

“Continua a repressão e intimidação dos opositores ao regime do Presidente Nicolas Maduro. Não vemos condições para que as eleições na Venezuela se realizem”, explicou Abrams, para justificar a posição dos EUA sobre a necessidade de alterações profundas, antes de serem marcadas novas eleições, como exige a comunidade internacional.

Numa conferência telefónica com jornalistas internacionais, em que a Lusa participou, o representante especial dos EUA afirmou que a Venezuela não tem sequer capacidade técnica para realizar o ato eleitoral.

“Eles precisariam de várias dezenas de milhares de máquinas de voto, que teriam de importar. Eles não têm meios técnicos e humanos para o conseguir, muito menos já no dia 06 de dezembro”, concluiu Elliot Abrams, acrescentando que não bastará ao Governo adiar as eleições por uns meses, como alguns responsáveis políticos chegaram a admitir.

“Há também problemas políticos muito graves, como as alterações das regras do jogo democrático, incluindo mudanças nos círculos eleitorais, que não permitirão umas eleições livres e democráticas nos próximos tempos”, disse Abrams.

O representante dos Estados Unidos chama ainda a atenção para o recente relatório da missão das Nações Unidas na Venezuela, que denuncia a sistemática violação de direitos humanos naquele país da América Latina.

“Não estamos habituados a ver relatórios tão duros, vindos da ONU”, confessou Abrams, referindo-se às conclusões do documento das Nações Unidas, que denuncia diversas atrocidades cometidas pelo Governo de Maduro, incluindo assassínios arbitrários e a perseguição de opositores.

Abrams realçou o facto de o relatório da ONU provar que tanto o Presidente Maduro como vários ministros do seu Governo tiveram conhecimento e deram aprovação a muitos desses crimes, cometidos pelas forças militares e de segurança da Venezuela.

O representante especial dos EUA condenou ainda a política do Governo da Venezuela, que acusou de estar a “destruir a economia do país”, referindo que este continua a importar combustíveis, apesar de ter uma enorme riqueza petrolífera.

“Sabemos ainda que há navios a circular entre a Venezuela e Cuba. Essa é uma questão que estamos a analisar e em breve daremos conta de medidas para a contrariar”, anunciou Abrams, sem concretizar que tipo de solução será encontrada pelos EUA.

O representante especial dos EUA discutiu ainda a reunião do Grupo de Contacto Internacional para a Venezuela, que se realiza na quinta-feira, dizendo que espera que saia dela um apelo veemente para a libertação de presos políticos do regime.

Abrams, que também é representante especial dos EUA para o Irão, aproveitou ainda a conversa com os jornalistas internacionais para reiterar a posição do seu Governo relativamente à exigência de continuação das sanções contra aquele país árabe.

“Da nossa parte, vamos continuar com as sanções e esperamos que a comunidade internacional nos siga”, disse Abrams, referindo-se ao facto de as sanções da ONU e dos EUA expirarem no próximo mês, apesar dos apelos do Presidente Donald Trump para que elas permaneçam em vigor, até que se encontre uma solução para o acordo nuclear do Irão.

“O regime continua a perseguir adversários e a matar oposicionistas. E continua a financiar atividades terroristas na região. É essencial que as sanções se mantenham, para a estabilidade da região”, acusou o diplomata norte-americano.

Abrams apelou ainda aos países europeus para colaborarem com os Estados Unidos na recomendação de manutenção das sanções das Nações Unidas, para evitar que o regime de Teerão continue a “comprar armas à Rússia e à China” e a “financiar grupos terroristas”.

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