A Plataforma Unitária de Venezuela (PUV) anunciou este sábado, 25 de setembro, em comunicado, que está no México à espera da delegação que representa o Governo do Presidente Nicolás Maduro, para uma nova ronda de negociações que deveria ter começado na sexta-feira.
“Perante a ausência da delegação do regime, a delegação da PUV reitera o seu compromisso de avançar neste processo, sempre no quadro das normas previamente acordadas no Memorando de Entendimento” assinado conjuntamente, explica o comunicado.
No documento a oposição explica que está no México para “avançar na constituição da Mesa de Atenção Social para promover a nutrição infantil, transplantes e programas de vacinação, entre outros igualmente importantes”.
“Estamos aqui para abrir a discussão sobre a construção do sistema de justiça. A Venezuela é um país com um sistema judicial sequestrado, que persegue e prende dissidentes e promove a impunidade. Resgatá-la é um requisito fundamental para reconquistar os nossos direitos, devolver aos venezuelanos o poder de eleger e reconquistar a democracia, que é o nosso objetivo fundamental”, lê-se no documento.
No comunicado a oposição sublinha: “A isso viemos”. E depois acrescenta: “Desde o início, comprometemo-nos a conduzir de forma transparente e a informar o país em tempo útil, e assim o faremos, no transcurso desta ronda e de todo o processo”.
O Governo presidido por Nicolás Maduro e a oposição venezuelana, aliada do ex-presidente do parlamento Juan Guaidó, previam retomar, sexta-feira, uma terceira ronda de negociações no México, a primeira depois de Caracas ter anunciado que o empresário Alex Saab, que está detido em Cabo Verde a aguardar extradição para os EUA, será integrado como “membro pleno” da delegação que representa o Governo de Nicolás Maduro.
Na próxima ronda, que segundo a imprensa local, poderá começar ainda este sábado, ambas as delegações vão “negociar” sobre o uso de ativos venezuelanos no estrangeiro para programas sociais e modificações ao sistema de justiça da Venezuela.
Entre 13 e 16 de agosto, o Governo venezuelano e a oposição realizaram a primeira ronda de negociações no México, que terminou com a assinatura de um acordo de entendimento manifestando a intenção de chegar a um acordo sobre “as condições necessárias” para a realização de eleições segundo a Constituição, entendendo que é uma necessidade levantar as sanções internacionais”.
Na segunda ronda de negociações, que decorreu entre 3 e 6 de setembro, as duas delegações assinaram dois acordos, sobre a defesa da soberania e a libertação de recursos para enfrentar a crise e a pandemia.
A 14 de setembro, Jorge Rodríguez, em representação do Presidente Nicolás Maduro, anunciou a inclusão do empresário Alex Saab, como “membro pleno” da delegação que representa o Governo nas negociações.
Considerado testa-de-ferro de Nicolás Maduro, Alex Saab, colombiano, de 49 anos, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas a 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal.
A detenção ocorreu com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, quando Sabb viajava para o Irão em representação da Venezuela, na qualidade de “enviado especial” e com passaporte diplomático.
A sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do Presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, que alega as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.
Washington pede a sua extradição, acusando-o de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.
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