Todos sabemos que Portugal precisa de mais crianças e que temos em mãos um sério problema de envelhecimento populacional que é de todos, mas que poucos se preocupam em resolver. Há cada vez menos nascimentos, temos menos filhos por mulher e cada vez mais tarde. Temos uma das taxas de natalidade mais baixas da Europa, com 8,4 bebés por cada 1.000 habitantes, que fica atrás de todos os países da União Europeia, exceto Itália.
Não é um problema de resolução fácil, nem rápida. Não é um problema apenas de Portugal, mas é um problema que todos, sem exceção, temos de nos empenhar em resolver. Todos, a começar pelo Governo, que deve legislar de forma a incentivar a natalidade; as empresas que devem entendê-la com naturalidade e agir em conformidade com os seus trabalhadores, sobretudo com as mulheres; a sociedade, como um todo, que deve ter uma visão alargada do tema e seguir os bons exemplos nórdicos, mas também a sua forma de estar na vida; e cada um de nós, como indivíduos, devemos aceitar uma sociedade mais permeável e flexível com as prioridades e privilégios que quem tem filhos deve ter.
O norte da Europa pode ser professor nesta matéria, onde já é rei há décadas, mas ainda não nos atrevemos a olhar para ele com a merecida e necessária atenção. No entanto, existem outros, que embora longe da solução, estão a percorrer um caminho empenhado em encontrá-la. O Japão é um deles. Sobretudo com o movimento “Sociedade 5.0”, que não pretende mais do que colocar a tecnologia ao serviço da sociedade, e que tem na terceira economia do mundo a sua grande percursora. O Japão é o país onde o envelhecimento da população é mais alarmante: 27% da população tem mais de 65 anos. Mas a ele já se começa a querer juntar também a Alemanha, e logo atrás irá toda a Europa. E nós não podemos ficar atrás.
Aquilo que a “Sociedade 5.0” preconiza vai demorar algum tempo a ser realidade, ou talvez não. Nunca duvidemos do que as novas gerações são capazes, e eu acredito nisso. Mas antes desta grande mudança, que promete revolucionar a sociedade por um bem maior – a humanidade – as empresas começam a fazer nascer projetos que vêm dar ajudas concretas a este problema, e a mostrar para fora um trabalho de responsabilidade social que deve começar lá dentro.
A Well’s decidiu apoiar a natalidade em Portugal com um projeto de mais de um milhão de euros, e colocou a natalidade como tema central da marca em 2018. Desenvolveu o projeto “Por um futuro com mais bebés”, que tem três vertentes: uma ação de cidadania com oferta de um conjunto de produtos Baby Well’s a todos os bebés nascidos em 2018; outra de responsabilidade social, cobrindo todas as necessidades de alimentação, puericultura e higiene no primeiro ano de vida de bebés de 50 famílias carenciadas; e o contributo para a promoção da discussão do tema com parceiros institucionais e privados.
A Galp criou uma campanha que incentiva a “dar à luz” e que vai fazer algo simples e de grande valor: oferecer a eletricidade a quem der à luz no primeiro dia de cada mês ao longo de 2018. Uma oferta que a cegonha traz no bico não apenas para os clientes Galp, mas também para quem quiser sê-lo. Simples e inteligente, até porque, como sabemos, não há melhor ligação a uma marca do que a emocional e não há nada mais emocionante do que o nascimento de um filho.
A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas tem parcerias com cerca de 700 empresas que voluntariamente ajudam nesta causa, sem campanhas ou publicidade. Mas aquelas que o podem fazer que façam. É importante alertar e trazer para a discussão pública um tema que importa a todos, mesmo aos que não querem ter filhos. Tenho dúvidas que os portugueses aderissem à tão falada campanha da marca sueca IKEA, que convida as grávidas a urinar numa página do catálogo e, caso o teste imbuído na folha dê positivo, o desconto no berço está garantido. Talvez esta seja demasiado arrojada para nós portugueses, mas vale a pena pensar com criatividade em formas de envolvimento nestes temas e de contribuir para uma sociedade melhor e, quem sabe, maior.