Com mais de 800 veículos vendidos em 2016 e uma expectativa de vendas na ordem das 1500 unidades no decorrer do ano de 2017, os veículos elétricos começam a libertar-se do rótulo de mercado de nicho e a assumir-se como tendência de futuro. Por isso, torna-se importante compreender quais os factores que levaram a este crescimento nas vendas, o que se espera para o futuro dos veículos elétricos e o que tem de ser feito para sustentar este crescimento.
Foi este o primeiro tema de debate da conferência que decorre à margem da VExpo. Moderado por Luís Reis, da Associação Portuguesa de Veículos Eléctricos, contou com a presença de várias marcas, como a Renault, Nissan, BMW i; Volkswagen, Hyundai, e Mitsubishi.
Comum a todas as marcas presentes foi a certeza do declínio do Diesel e a transição para os veículos elétricos. Além disso, a evolução da tecnologia onde assentam os veículos elétricos está a tornar-se cada vez mais barata, o que faz com que o custo do produto final cada vez mais se aproxime do dos veículos térmicos, uma mais-valia no que respeita à oferta. Outro tema sensível na hora de comprar um veículo elétrico é o da autonomia, que as marcas defendem ter mais do que duplicado nos últimos seis anos, esperando-se que nova evolução significativa chegue a breve, trecho. Estão, assim, reunidas as condições para sustentar a evolução das vendas a que se tem vindo a assistir, não apenas no nosso mercado como no mercado europeu.
Ao mesmo tempo, esta evolução tem-se estendido às infraestruturas que os servem e essa é uma prioridade, pois a falta de postos de carregamento públicos prejudicará a mobilidade elétrica, tanto no que respeita à experiência dos clientes como nas suas recomendações de venda, um dos móbeis importantes para a sustentação deste mercado. Do mesmo modo, os tempos de carregamento terão de ser diminuídos drasticamente no nosso país, para que a mobilidade elétrica deixe os perímetros urbanos, pois tal será importante para que os veículos elétricos passem a ser os veículos das famílias, não apenas para o dia-a-dia, mas também para as viagens mais longas, como férias, por exemplo.
Referência foi feita, também, para o facto de que os motores térmicos nunca deixarão de existir, mas antes coexistirão com a mobilidade elétrica. Neste sentido, os híbridos serão ainda os veículos que reunem o melhor de dois mundos e funcionarão como a melhor ponte para o que todas as marcas veem como sendo um futuro já próximo, a massificação das vendas de elétricos. Ao mesmo tempo que garantem uma autonomia sem limites, conseguem reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e circular em modo 100% elétrico em certas zonas das cidades. Esta é também uma aposta das marcas, como é o caso da Hyundai, que anunciou na conferência a sua intenção de lançar, até 2020, um total de 14 novos modelos electrificados, entre híbridos e totalmente elétricos.
O facto de os híbridos serem os modelos electrificados mais acessíveis para os consumidores também é relevante e apresenta-se como um bom argumento de vendas para este tipo de veículos. O exemplo foi dado pela Mitsubishi, cujo Outlander PHEV – híbrido plug-in – superou em 2016 o total de vendas do Outlander Diesel no mercado europeu.
Assim, conclui-se que são vários ainda os obstáculos a ultrapassar pelos veículos elétricos e híbridos para vencer no mercado. Questões como a autonomia ainda têm de ser melhoradas, tal como o seu custo, mas há caminho para fazer também no que respeita às infraestruturas, nomeadamente no que respeita à oferta de postos de carregamento e ainda ao tempo que demora a realizar-se uma carga completa, facilitando as deslocações fora do perímetro urbano.
O primeiro passo está dado.
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