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Viajar pela Lisboa multicultural dos murais de Almada Negreiros

Almada Negreiros tem nos murais das gares marítimas de Alcântara e Rocha Conde de Óbidos um poderoso ‘statement’. Ou melhor, vários. E como nem tudo é óbvio ao olhar menos treinado, o novo centro interpretativo que agora abriu ao público, ajuda a decifrar a obra maior deste modernista-para-sempre-futurista.
20 Abril 2025, 21h00

Chamamos Keynes à colação. Isso mesmo, leu bem. John Maynard Keynes. “O mundo antigo sabia que o público precisava de circo, tanto quanto de pão. E, política à parte, os seus governantes, para sua própria glória e satisfação, gastaram uma parte significativa da riqueza nacional em cerimónias, obras de arte e edifícios magníficos” – A Arte e o Estado (The Listner, BBC, 26 de agosto 1936). A observação de Keynes não visa o Estado Novo, mas assenta como uma luva às pretensões do regime e respetiva propaganda.

Onde queremos chegar? Primeiro, e recuando no tempo, a dia 7 de abril de 1893, dia em que nasce José de Almada Negreiros, filho de pai português e de mãe santomense. Abreviamos o tempo da escolaridade, já em Lisboa, para falar na sua estreia como desenhador humorista, em 1911. Nos dois anos seguintes participa no I e II Salões dos Humoristas Portugueses, e, em 1913, realiza os seus primeiros óleos, para a Alfaiataria Cunha, no mesmo ano em que faz a sua primeira exposição individual, na Escola Internacional de Lisboa.

Essencialmente autodidata – não frequentou qualquer escola de ensino artístico –, Almada procurou entre os movimentos de vanguarda europeus o caminho para a sua individualidade artística. Em março de 1914 publica o seu primeiro poema. Em 1915, colabora no primeiro número da revista literária Orpheu e ilustra o número espécimen da revista Contemporânea. A voragem criativa prossegue. O Manifesto Anti-Dantas e Litoral, são publicados em 1916. Seguem-se A Engomadeira e K4 O Quadrado Azul, em 1917. Pelo meio, realiza a sua segunda exposição individual na Galeria das Artes de José Pacheco, distanciando-se do humorismo dos Salões.

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