Ao longo de décadas os colégios com contratos de associação foram parceiros estratégicos do Estado nas tarefas de educar e formar a sociedade portuguesa. Algumas destas escolas, localizadas fora dos centros das grandes cidades, acolheram dezenas e dezenas de alunos carenciados providenciando-lhes um serviço público gratuito e de qualidade.

Ocorre que a decisão do Governo de reduzir o número de turmas financiadas está a ferir de morte estes colégios. Em alguns casos já se verificaram despedimentos de professores e de funcionários, bem como saídas de estudantes, o que afectou a vida de muitas famílias. A cruzada contra a liberdade educativa parece estar assim a ser bem-sucedida.

Mais, de acordo com o Público, o Governo pretende que os docentes provenientes dos colégios com contratos de associação só possam vir a “concorrer nos concursos do Ministério da Educação, em 3.ª prioridade”. Ora, a confirmar-se, tal significará que os anos que dedicaram ao ensino não contarão para acederem a um lugar na escola pública. Aqueles que provocaram os despedimentos destes professores estarão agora a preparar-se para os impedir de concorrer em pé de igualdade com os demais colegas? Por onde andam os sindicatos?

Quem acompanhou as manifestações a favor dos contratos de associação, e ouviu as palavras que foram proferidas contra as recentes políticas educativas, não deixará de associá-las à anunciada injustiça. Estará o Ministério da Educação a cozinhar uma vingança? Talvez seja o momento, enquanto ainda é tempo, para o Sr. Presidente da República – agente conciliador – tomar a palavra, resfriar os radicalismos e evitar a criação de uma divisão entre professores de primeira e de segunda, que de todo não seria desejável.

 O autor escreve segundo a antiga ortografia.