Não há nada como uma epidemia para testar os limites da estupidez humana. E já agora do bom senso e da solidariedade que sustentam o melhor da nossa vida em comum.
É difícil resistir quer à desinformação que mistura as teorias da conspiração com o alarmismo infundado, quer ao frenesi mediático que tão bem retratado foi por Ricardo Araújo Pereira na estreia do seu “Isto é gozar com quem trabalha”.
A verdade é que não temos outra solução que não a de confiar nas autoridades públicas e seguir as suas orientações. A mais é a Ciência e a Razão (certamente crítica) que nos deve determinar e não a superstição ou a crendice.
Mas muito mais difícil ainda é afastarmos a tentação egoísta radicada na natureza humana (e só por alguns superada) que nos leva a olhar apenas para os “nossos” e esquecer os “outros”. Ou pior ainda, julgar os “outros” como culpados das nossas desgraças quando elas nascem dentro de nossa casa.
Por tudo isto estamos confrontados, governantes e cidadãos do mundo, com uma situação por natureza exigente. Vamos lá ver como a espécie humana se comporta…
E por falar em espécie humana, um cavaleiro tauromáquico foi constituído arguido por maus tratos a animais. Por definição, um cavaleiro tauromáquico passou a vida a maltratar animais. Não se entende por conseguinte que venha a ser acusado nuns casos e em outros não. Ah, mas a lei… A lei (ou a ausência dela) continua a tolerar que os toiros sejam sanguinolentamente esquartejados em espectáculos públicos para gáudio de alguns.
Há, portanto, no ordenamento jurídico português certos animais que são menos (ou mais) animais que os outros. E isto por força da inação de outros animais (que se dizem racionais) e que dão pelo nome de legisladores. Não há meio de exterminarmos este vírus…
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.