Foi pelos nefastos efeitos da pandemia dos últimos anos que Portugal teve uma absoluta necessidade de planear a retoma económica, para proteger o emprego e o rendimento dos portugueses e evitar mais austeridade no futuro.

O Estado teria de ter um papel relevante, face ao apoio comunitário alcançado via Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no montante total a fundo perdido de cerca de 45 mil milhões de euros.

Neste cenário, impunha-se muita sabedoria, rigor e critério na aplicação deste dinheiro, na medida em que é um apoio determinante para combater a crise social e económica que a pandemia provocou, sendo uma nova oportunidade para o futuro de todos os portugueses.

Saber utilizar bem esta verba que está a chegar, por tranches, às Finanças, implica direcioná-la para as pessoas, empresas, instituições e associações, e não apenas para o Estado central ou local, ou para as suas subsidiárias ou empresas públicas.

Há vida para além deste universo empresarial do Estado. Há muitas oportunidades que não podem nem devem ser perdidas, talentos para descobrir, áreas de negócio para apostar, projetos inovadores para investir.

O tempo é cada vez mais curto e precisamos de respostas de efeito imediato para evitar males maiores e, simultaneamente, urge preparar o futuro das próximas gerações, com visão e estratégia.

O que se tem verificado, e o que cada português sente, é que cada vez se pagam mais impostos, a valorização salarial não acontece, a economia perde competitividade, os serviços públicos não funcionam e a democracia está em crise, mas o país resiste com carga fiscal e PRR.

E, com eleições legislativas à porta, a conversa política continua a ser a mesma de sempre, ‘é desta que vai ser diferente’. Mas a 69 dias das mudanças necessárias, das propostas ou intenções reformistas, quase nada ainda se conhece!

O apelo que faço para o novo ano, no coletivo, é que as eleições tragam rutura e mudança de paradigma, sem amarras partidárias, medidas de propaganda política sem possibilidade de execução ou agendas individuais.

A nossa missão deve ser mitigar e contornar os efeitos das crises vividas, preparando o futuro para a prosperidade. A ajuda da Europa é uma grande oportunidade. Trabalhemos, pois, no pós 10 de março à direita, para que esta não se torne uma grande oportunidade perdida.

Neste artigo, em que celebro as três centenas dos meus escritos no Jornal Económico, em cerca de seis anos de partilha de pensamentos, desejo a todos um Bom Ano de 2024, com saúde e esperança!