Na quarta-feira, 10 de maio, a Embaixada Britânica em Portugal celebrou a Coroação de Suas Majestades, o Rei Carlos III e a Rainha Camila. Seguindo o exemplo de Suas Majestades, tentámos tornar a nossa celebração tão sustentável quanto possível. Desde a garantia de que não seriam utilizados plásticos de uso único no evento, à reutilização de resíduos plásticos em arte, adotámos com orgulho a paixão de longa data do nosso novo Rei pela proteção da natureza e do ambiente.
A preocupação do Rei com a sustentabilidade tem sido uma pedra angular do seu trabalho ao longo dos últimos cinquenta anos. No seu primeiro discurso sobre o ambiente, em 1968, defendeu ideias que estavam à frente do seu tempo, como a economia circular, o capital natural e a agricultura biológica. Como Príncipe de Gales, utilizou a sua posição única para defender um futuro sustentável e tem defendido a sustentabilidade para garantir que a natureza, da qual todos dependemos, seja protegida para as gerações futuras. E, ao longo das últimas cinco décadas, tem-nos recordado frequentemente da importância destes temas, da crise climática e da desflorestação à poluição dos oceanos, centrando-se sempre em iniciativas práticas para criar um planeta mais sustentável.
O trabalho do Rei em matéria de sustentabilidade e preservação está em sintonia com as prioridades nacionais e internacionais do Reino Unido. Antes da COP26 em Glasgow, o Rei Carlos lançou a Terra Carta, um conjunto de princípios orientadores para colocar a Natureza, as Pessoas e o Planeta no centro da criação de valor a nível global. O nome desta iniciativa baseia-se na histórica Magna Carta e aspira a interligar pessoas e planeta, conferindo direitos fundamentais e valor à natureza. O Rei lançou um apelo urgente aos líderes empresariais de todo o mundo para que se juntem a este esforço e aos princípios orientadores da Terra Carta.
O mais recente Relatório de Síntese do IPCC advertiu que o mundo deve tomar medidas urgentes se quisermos limitar o aquecimento a 1,5°C e evitar os impactos mais devastadores das alterações climáticas. Como tantas vezes, o Rei já nos tinha dado este aviso, alto e bom som. Numa conferência da ONU sobre sustentabilidade, realizada no Brasil em 2012, afirmou: “Como um sonâmbulo, parecemos incapazes de acordar para o facto de que muitas das consequências catastróficas de continuarmos a fazer o que fazemos habitualmente vão chegar mais depressa do que pensamos, arrastando já muitos milhões de pessoas para a pobreza e enfraquecendo perigosamente a segurança alimentar, hídrica e energética global no futuro”.
Em março, para apoiar os esforços do Reino Unido no combate às alterações climáticas, o governo britânico publicou o documento Powering Up Britain, um pacote de estratégias nacionais e internacionais significativas em matéria de energia, clima, natureza e neutralidade carbónica. Estes documentos descrevem a forma como o Reino Unido irá construir uma economia neutra sustentável, garantir a sua segurança energética, concretizar a sua visão ambiciosa para a ação internacional no domínio do clima e da natureza, e cumprir o seu compromisso em matéria de financiamento verde.
Portugal também partilha estas ambições, o que faz dos nossos dois países parceiros naturais na ação climática e na descarbonização. A Lisbon Energy Summit, que se realiza no final deste mês, será uma boa oportunidade para partilhar as melhores práticas e tecnologias para um futuro mais sustentável.
Ao enfrentarmos estes grandes desafios globais, devemos, no Reino Unido, refletir sobre a sabedoria do nosso novo Rei e agir de acordo com os conselhos que ele nos deu ao longo de mais de cinco décadas.