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Volatilidade do kwanza estava no radar dos analistas

O suporte do serviço da dívida e a diminuição do preço do petróleo nos mercados internacionais contribuiu para a previsível ‘tempestade perfeita’ que está a afetar a moeda angolana.
José Sena Goulão / EPA
12 Setembro 2024, 10h18

A volatilidade da moeda angolana, o kwanza, deve persistir entre 2024 e 2028, segundo os analistas da Economist Intelligence Unit (EIU), que previam um crescimento médio da economia de 3,5% em 2023. O alerta foi dado por aquela entidade em novembro do ano passado e apontava para uma estabilização do kwanza, após uma desvalorização estimada de 34% em meados daquele ano. Mas o risco de volatilidade em 2024-2028 já estava previsto – o que aparentemente está a suceder neste momento.

A diminuição dos preços do petróleo, parcialmente compensada pelo aumento da produção depois de Angola ter abandonado a OPEP, era o problema que estava por trás da volatilidade da moeda angolana. A saída da OPEP foi uma tentativa de encontrar uma solução para o facto de a Arábia Saudita – que ‘manda’ na OPEP – se recusar a aumentar os fluxos de produção. A questão tem tudo a ver com a guerra na Ucrânia e com o facto de uma série de produtores de petróleo estarem do lado da Rússia – ou pelo menos não a hostilizam – dando pouco valor às demandas emanadas de Washington para que a organização de produtores contribua para a queda dos preços. Alguns analistas afirmam que a recusa da OPEP em baixar os preços é uma forma de manter em aberto a mais importante linha de financiamento da Rússia: o petróleo.

“Esperamos que 2024-25 seja um período de relativa estabilidade do kwanza face ao dólar americano (após uma desvalorização estimada de 34% em 2023), devido à “almofada” das reservas cambiais”, lê-se no relatório. O aperto da política monetária da Reserva Federal (banco central dos EUA) a partir de meados de 2024 significou que a força do dólar americano tende a diminuir. Por essa via, evitar-se-ia a desvalorização do kwanza. “Mas o reembolso da dívida externa em 2024 aumentará a pressão sobre as reservas cambiais, elevando o risco de volatilidade da taxa de câmbio a curto prazo”.

É isso que está a suceder neste momento. O kwanza está a negociar em mínimos de 25 anos face ao dólar. As elevadas responsabilidades de dívida limitam fortemente a possibilidade de intervenção no mercado e sustentação da divisa, referia esta quarta-feira o “Jornal de Negócios”. Um dólar chegou a valer 939,24 kwanzas. Só desde o início do mês a moeda perde 1,2% face ao dólar e desde janeiro de 2024 a queda é da ordem dos 11%.

Na tentativa de alterar o rumo dos acontecimentos, o país temn em preparação a Conferência Angola Oil & Gas (AOG) 2024 – que se realiza a 1 e 2 de outubro – “no evento mais relevante para o setor de petróleo e gás em Angola e em toda a região. Este ano, a AOG será um epicentro de discussões estratégicas e colaborações internacionais, oferecendo uma plataforma única para moldar o futuro da indústria”, refere a organização.

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