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Volkswagen: Paralização envolveu mais de metade dos trabalhadores e impasse nas negociações persiste

A direção da empresa reuniu com os sindicatos pela quarta vez na segunda-feira, mas um eventual acordo continua a ser uma miragem. Em causa está o encerramento de fábricas, despedimento de trabalhadores e um corte nos salários.
Trabalhadores do grupo Volkswagen na Alemanha manifestam-se contra os cortes que a empresa quer fazer. Foto: EPA
11 Dezembro 2024, 07h00

A situação problemática que se vive na Volkswagen não parece ter fim à vista. Esta segunda-feira marcou o começo de uma quarta ronda negocial e, na Alemanha, teve lugar uma paralisação de quatro horas, que afetou nove das 10 fábricas que a empresa tem no país.

Um total de 68 mil trabalhadores aderiram, o que representa mais de metade do total da força de trabalho da empresa em território alemão (130 mil funcionários). De acordo com as contas do IG Metall, sindicato que convocou a paralisação, só em Wolfsburg verificaram-se dezenas de milhares em greve.

O objetivo passa por deixar à empresa um alerta e levantar as vozes em protesto contra os cortes que a administração da Volkswagen quer fazer na operação que desenvolve na Alemanha. No mesmo âmbito, Christiane Benner, que lidera o sindicato citado, fez alguns reparos às tomadas de posição da empresa.

A própria deixou a garantia de que “a administração da Volkswagen tomou muitas decisões erradas durante anos”, ao mesmo tempo que aquela organização precisa de “membros do conselho que possam lidar com crises e não enterrar a cabeça na areia”, atirou, na sede da empresa, em Wolfsburg.

A montadora alemã tem em mãos planos para encerrar três fábricas na Alemanha, assim como cortar em 10% todos os salários no país, a par de um despedimento coletivo. Tudo somado, pretende poupar milhares de milhões de euros. “Esta é a única maneira de permanecermos competitivos em um ambiente exigente”, disse o diretor de Recursos Humanos da marca, Arne Meiswinkel, antes do começo das negociações.

A paralização de segunda-feira afetou nove fábricas, situadas em Wolfsburg, Zwickau, Hanover, Emden, Kassel-Baunatal, Braunschweig, Salzgitter e Chemnitz, bem como a “Gläserne Manufaktur”, em Dresden.

De assinalar que o setor automóvel europeu atravessa sérias dificuldades, com as empresas a perderem quota de mercado para as rivais chinesas. A situação coincide com um aumento de custos expressivo, associado à transição energética, no âmbito da qual as diretrizes da UE estão a levar as automotoras europeias a cortar ou mesmo a eliminar por completo a construção de carros movidos por motores a combustão, que estão a ser substituídos por automóveis elétricos.

Prova destas dificuldades é que o lucro do grupo Volkswagen caiu para perto de metade em apenas um ano. No terceiro trimestre, atingiram os 2,86 mil milhões de euros, o que equivale a um decréscimo homólogo de 42%.

Situação não deve, pelo menos para já, afetar a operação em Portugal

Em Palmela, no distrito de Setúbal, está situada a Autoeuropa, fábrica do grupo Volkswagen. Aquela representa cerca de 1,3% do PIB e corresponde ao maior investimento estrangeiro em toda a economia nacional.

Aquela unidade é detida a 100% pelo grupo Volkswagen desde janeiro de 1999 e, no ano passado, produziu 220 mil automóveis, pelo que o volume de faturação superou os 3,6 milhões de euros. A terminar 2o23, contava com 4.851 colaboradores.

Ora, em declarações à Lusa feitas a 30 de novembro, o responsável de comunicação corporativa da Volkswagen em Wolfsburg afirmou que “os planos de cortar empregos e fechar fábricas dizem respeito apenas à Alemanha”, pelo que, no mínimo até àquela data, não seria de prever qualquer impacto na Autoeuropa.

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