Razões várias fizeram com que, ao fim de décadas de interrupção, tenha revisto no ano passado, em 2022, o saudoso Eurovision Song Contest. Os júris dos vários países envolvidos no concurso (e nunca competição, palavra anglófona) deram a vitória ao Reino Unido, a melhor canção, sem dúvida, e a mais bem cantada.
Veio depois o voto popular telefónico que com seiscentos e tal votos deu a esperada vitória à Ucrânia. A canção deste país era feia. Os cantores aproveitaram para dizer umas coisas com a mão direita no coração, que se percebia serem muito nacionalistas. A Eurovisão não tem, segundo os seus estatutos, fins políticos mas tão-só de qualidade musical. Deus nos afaste do juízo popular, porém, creio que já é tarde. Este, manobrado pelos meios de comunicação, até às feras atiram quem desagrada ao poder.
E quem é o poder hoje em dia? Até há bem pouco tempo era o liberalismo. Seguiu-se-lhe o neoliberalismo. Agora, pelo menos na Europa, é o neofascismo ou semelhante. Para sempre, mil anos? Depois da sua derrota em 1945, houve nazistas que escaparam para alguns países da América Latina e que, mais tarde, regressaram à Europa para refundar as bases de um novo poder. Ramificaram-se por vários países da Europa e até Portugal… A coisa germina há anos, segundo a inteligência me faz entender. Mais do que isso, a intuição do género daquela da “Miss Marple”.
Conheci, por acaso, no fim do século passado em Portugal um francês de 38 anos que se dizia apoiante do então Monsieur Le Pen. Fiquei chocado. Um dia disse-me que ia visitar um amigo português para tratar de assuntos. E como o Mundo é pequeno, eu conhecia o português. Vi que esse francês vinha estabelecer, já nos anos 1990, contactos mas, na altura, não me preocupei. Agora vejo a gravidade do assunto.
Ao grande Poder, os EUA, interessa a neofascização da Europa e porquê? Existindo ainda neste Continente a sociedade do welfare, e como o ponto de vista dos europeus é diferente do dos americanos e não aceitando os primeiros uma pobreza generalizada em face do bem-estar, então a pobreza terá de ser imposta. E por quem e por quê? Só por uma ditadura: um fascismo ainda que disfarçado.
Mas, repito, por que motivo interessa empobrecer os europeus? Porque com as regalias que têm tornaram-se exigentes. Pobres, serão dóceis. O Covid-19 veio provar isso mesmo. Na maioria dos casos, a obediência nas bichas intermináveis; a crença cega nos telejornais e nos jornais sem ninguém se interrogar da veracidade das notícias. “Ah, são fontes verdadeiras, foram médicos a dizer!” Mas, um dia, quando a fome chegar, será tarde. As ruas estarão cheias de metralhadoras ou CCTV “para a sua protecção pessoal”, o que é o mesmo.
Não, não é nenhuma teoria da conspiração. Essa invenção foi feita para que não se duvidasse do poder. E acreditar na “verdade única” do poder será o “politicamente correcto”, a aceitação indubitável do único.
Já referi uma vez esta coincidência: enquanto alguns extremistas (serão?) proíbem Tchaikovsky, a Metropolitan Opera House (não gosto de Met) passa por acaso nas matinés dos Domingos óperas de Wagner! Óptima música sem dúvida, mas não haverá qualquer coisa escondida? Os americanos não dão ponto sem nó. Não quererão dizer que mais vale um nazista do que um russo? Não havia nazistas no tempo de Wagner, mas este compositor era pangermanista…
E antes desta guerra começar, o Ocidente fomentou de novo o ódio à Rússia.
É importante esclarecer que o que está no inconsciente das pessoas é a guerra fria do Macartismo. As gentes veem a Rússia como o comunismo feroz, embora esta seja capitalista desde 1991, logo, aquelas preferirão um fascismo no Ocidente sem esse nome, uma ditadura sem a obrigação de usar gravata, sapatos de atacadores bem engraxados mas o “à-vontade” de t-shirts, sapatos de ténis, shorts, batatas fritas de pacote em casa e com sabores à escolha e isto é com certeza ser-se livre…
Quanto ao resto, deixem os políticos decidir e dizerem através de meninas à la Barbie (back again) nos canais de televisão que opiniões se deve ter e, pronto, somos livres. Vamos viajar muito com bilhetes baratos? Podemos ver países fantásticos mas como já nos disseram repetidamente os que são maus, então, são maus. Previno sobretudo os mais novos. Se não acordarem imediatamente, será tarde.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.