Wall Street prevê um petróleo mais barato este ano, com analistas de vários bancos a reverem em baixa as suas previsões. O mais recente a fazê-lo foi o Goldman Sachs, que ajustou o seu intervalo de preços de 70-85 dólares por barril para 65-80 dólares.
A decisão do banco de reduzir as previsões deve-se à desaceleração da economia norte-americana, que está a ser afetada pela imposição de tarifas a parceiros comerciais essenciais e pela respetiva retaliação por parte destes.
Pesando nas previsões está também o plano da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e parceiros (OPEP+) para aumentar a sua produção. “Esperamos que o Brent fique acima dos 70 dólares por barril nos próximos meses (…) mas já não vemos 70 dólares como o preço mais baixo”, afirmou o analista Daan Struyven, citado pela “Bloomberg”.
Na tarde de segunda-feira, o barril de Brent subia menos de 1% para mais de 71 dólares, após os EUA terem lançado ataques contra os Houthis no Iémen em retaliação aos ataques contra navios no Mar Vermelho.
Simultaneamente, surgem boas notícias da China, o segundo maior consumidor mundial de petróleo, com as vendas a retalho a crescerem em janeiro e fevereiro.
Outros bancos, como o Morgan Stanley e o Bank of America, também cortaram recentemente as suas previsões, prevendo que o preço do barril de Brent atinja os 60 e muitos dólares no segundo semestre. Anteriormente, instituições como o Citigroup e o JP Morgan Chase já previam o barril na casa dos 60 dólares.
Os traders também estão pessimistas em relação ao preço do crude. “A indústria está a furar em excesso neste momento, isso é claro. Estamos a furar mais dentro e fora da OPEP do que a procura exige”, afirmou Torbjörn Törnqvist, CEO da Gunvor.
A perspetiva de que a Rússia pode vir a ter as sanções aliviadas também pressiona em baixa o preço. As exportações russas recentes de crude via marítima subiram em 300 mil barris diários, a maior subida em mais de dois anos, desde janeiro de 2023.
O CEO da Vitol estima que os preços do barril possam recuar para um intervalo entre 60 e 80 dólares e critica as conversas sobre a imposição de tarifas. “Existem muitos comentários sobre tarifas e sobre o crescimento e expetativas na América do Norte. Isto só serve para desestabilizar as expetativas sobre os preços e a direção dos preços”, disse Russell Hardy, do Vitol Group.
Nos EUA, a produção deverá crescer em 400 mil barris diários, sendo 100 mil provenientes do shale oil. No entanto, se os preços recuarem, a produção de petróleo de xisto poderá ficar inalterada ou até recuar. “60 dólares é muito baixo para a indústria”, afirmou Saad Rahim, da Trafigura.
Apesar de o petróleo mais barato ser uma boa notícia para os consumidores e para a inflação, e já ter sido aplaudido por Donald Trump, os produtores em diversos países ficam sob pressão, assim como as contas públicas de muitos países que dependem das receitas do petróleo, incluindo os membros da OPEP, liderada pela Arábia Saudita.
Olhando para 2025, o JP Morgan prevê mesmo que o barril possa atingir os 50 dólares se forem aliviadas as sanções contra a Rússia ou o Irão.
Por outro lado, os inventários globais de petróleo estão em mínimos históricos.
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