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Web Summit. Impacto na economia portuguesa “já não é uma questão de fé”

O happening tecnológico de Paddy Cosgrave vai continuar em Lisboa até 2028 e é uma oportunidade para Portugal “se afirmar na economia internacional”, diz o CEO da Startup Lisboa.
20 Outubro 2018, 15h00

Foi numa sexta-feira, pouco antes da meia-noite, que Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), telefonou a Paddy Cosgrave, cofundador e CEO da Web Summit, para trazer a maior feira tecnológica do mundo para a capital portuguesa até 2028. “Achávamos que isto não ia acontecer”, disse Cosgrave, durante o anúncio do acordo, realizado esta quarta-feira, na Altice Arena, quase um mês antes de abrir as portas, no mesmo local, a edição de 2018, que decorrerá entre 5 e 8 de novembro.

Além de contemplar a mais do que duplicação da Feira Internacional de Lisboa em – crescerá 2,25 vezes em relação à sua área atual – para suportar o crescimento da Web Summit, Lisboa fez “a melhor proposta”, explicou Medina, “apesar de outras cidades terem oferecido mais dinheiro”.

O ministro da Economia, Caldeira Cabral, revelou que o investimento para convencer Cosgrave a manter a Web Summit na capital portuguesa por mais dez anos ascende aos 110 milhões de euros – “11 milhões por ano” -, disse o ministro.

“É um acordo para dez anos e tem um sentido estratégico irreversível para o país e que faz de Lisboa uma capital da inovação, do empreendedorismo e do talento”, disse Medina.

Para o primeiro ministro, António Costa, Lisboa acolher mais dez edições da Web Summit significa “muito mais do que os 30 milhões de euros angariados em receita fiscal direta” com a edição de 2017. “Passa a imagem de que Portugal consegue atrair empresas tecnológicas para criar emprego com melhores salários”, disse.

Também Miguel Fontes, CEO da Startup Lisboa, é otimista em torno da Web Summit. Ao Jornal Económico, Fontes disse que o impacto da feira tecnológica na criação de emprego “é uma matéria de facto, já não é uma questão de fé”. Quando a Web Summit chegou a Portugal, “ajudou a escalar o país e permitiu que Lisboa entrasse num universo de excelência para acolher grandes projetos internacionais que trazem empregos qualificados, bem pagos e que geram valor para o país”, disse. “É para isso que a Web Summit concorre de forma decisiva”.

Além disso, Fontes explicou que a feira tecnológica “é importante pela visibilidade que dá ao país e à cidade de Lisboa”. Trata-se de “uma visibilidade orientada para a inovação, o empreendedorismo e a tecnologia”.

Para o CEO da Startup Lisboa, este acordo a dez anos significa que “Portugal tem, pela primeira vez, a oportunidade de se afirmar na economia internacional”. “Não há mais razões para continuarmos a ser um país periférico. [Agora], uma empresa pode estar a desenvolver [negócio] a partir de Lisboa, tendo o mundo como destino”, disse.

O caminho trilhado por Portugal até aqui “não é fruto do acaso”, revelou Fontes. “Eu tenho a certeza que se não tivéssemos instituições de ensino de excelência, se não tivéssemos apostado no desenvolvimento da nossa política científica e tecnológica e se não nos tivéssemos posicionado para o mundo da inovação, hoje não estaríamos nas condições em que estamos”.

A Web Summit traz confiança às empresas, mas não só. Estruralmente, destacou Fontes, “um dos ‘calcanhares de Aquiles’ da economia portuguesa sempre foi o facto de ser uma economia descapitalizada. Mas esta economica digital e o mundo das startups estão a promover a captação de investimento externo para Portugal”. Houve uma evolução porque “já não são apenas as grandes empresas que trazem unidades de produção para Portugal, agora temos empresas que trazem centros de desenvolvimento e competências, com investidores estrangeiros que apostam nesses centros [com recurso] ao nosso talento”, explicou.

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