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WestSea prevê aumento de reparação naval e 120 novos empregos em Viana do Castelo

De acordo com os números avançados pelo administrador, a WestSea, que iniciou atividade em 2014, “já construiu 15 novos navios, a maioria para [o empresário] Mário Ferreira, e dois navios Navio Patrulha Oceânicos [NPO] para a Marinha”.
16 Junho 2020, 18h54

O administrador da Martifer estima um aumento de 60% da faturação, através da reparação naval, e a criação de 120 novos postos de trabalho, com a dragagem do canal de acesso aos estaleiros de Viana do Castelo, hoje lançada.

Carlos Martins, que discursava durante a cerimónia de lançamento daquela empreitada, num investimento de 17,4 milhões de euros, disse que, em 2019, a WestSea, subconcessionária dos estaleiros, “bateu o recorde de faturação, com 93,4 milhões de euros”, mas que a “dimensão do canal” de acesso à empresa “limitou” o crescimento das reparações navais, sendo que, em seis anos, foram requalificados mais de 220 navios.

“Muitos dos nossos clientes podiam trazer mais navios para reparar, mas estamos limitados à dimensão do canal. Os navios só conseguem sair em maré e, há muitos que podiam e que não vêm, porque não temos profundidade necessária. Este projeto vai potenciar e dar outra dimensão aos estaleiros de Viana do Castelo”, disse Carlos Martins durante a sessão presidida pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.

Com 220 metros de comprimento e 45 metros de largura, o aprofundamento do canal de acesso aos estaleiros, “num investimento privado de 15 milhões de euros, que acontecerá, em simultâneo com as obras que vão ser realizadas pela Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), no porto de mar” vai permitir construir “navios com mais qualidade e tecnologicamente mais evoluídos”.

De acordo com os números avançados pelo administrador, a WestSea, que iniciou atividade em 2014, “já construiu 15 novos navios, a maioria para [o empresário] Mário Ferreira, e dois navios Navio Patrulha Oceânicos [NPO] para a Marinha”.

“Estamos agora ávidos de ter novas encomendas da Marinha para os tempos que aí vêm. Achamos que isso vai acontecer por estes dias”, disse Carlos Martins.

O responsável adiantou que faltam criar 30 postos de trabalho para o grupo atingir a meta de 400 empregos, fixada em 2014.

“Desde o início dissemos que queríamos criar 400 postos de trabalho e estamos em pleno emprego. Faltam 30 postos de trabalho para os 400, porque não conseguimos até agora reunir pessoas que pudessem vir. As inscrições estão abertas todos os dias, para que isso possa acontecer. Mesmo assim temos uma media de mil pessoas a trabalhar, diariamente, nestes estaleiros”.

Além da criação de 120 novos postos de trabalho, Carlos Martins disse que a intervenção, hoje lançada e com prazo de execução de oito meses, vai permitir “separar, praticamente, os estaleiros numa área de construção e outra de reparação”.

“Esta doca vai transformar completamente a estrutura do estaleiro. Estes estaleiros têm cerca de 60 anos e esta doca vai criar condições de produção mais confortáveis e fazer navios com mais qualidade e tecnologicamente mais evoluídos”, afirmou, sublinhando a “estreita parceria” com os estaleiros da Galiza, e destacando que, durante a pandemia de covid-19, os estaleiros de Viana do Castelo não pararam, “obrigando a uma ginástica gigante”.

“Estamos dentro da cidade de Viana do Castelo, que tem cerca de 40 mil habitantes, e tínhamos aqui uma densidade de pessoas, por metro quadrado, muito elevada. Qualquer coisa que acontecesse aqui, de mal, rapidamente contagiava uma região. Tivemos de fazer um esforço gigante, com cerca de 1.400 pessoas a trabalhar. Num período de pandemia é possível, com organização, continuar. No mesmo período, faturamos mais 45% do que no ano passado”, disse.

Carlos Martins aproveitou a presença de Pedro Nuno Santos para lançar um desafio: “Queremos desafiá-lo, para, dentro do seu Governo e dentro do seu Ministério, ter a disponibilidade de partilhar connosco a nossa disponibilidade para desenvolver parceira [referindo-se à intervenção de dragagem hoje lançada] semelhante na ferrovia e, acima de tudo, de material circulante. O grupo Martifer está disponível para partilhar a [sua] vontade e o [seu] conhecimento”, apontou.

No final da cerimónia, confrontado pelos jornalistas, Pedro Nuno Santos disse que “são dezenas as empresas que estão preparadas para fazer, quase na totalidade, um comboio em Portugal”, e que o concurso público para esse fim ainda não abriu.

“Temos um empresário que sente que tem capacidade para trabalhar nisso, depois temos o Estado com necessidade de comboios, mas ninguém está aqui a entregar obra a ninguém. Temos de ter todos muito cuidado, porque senão damos um salto muito rápido. Primeiro, Portugal precisa de comboios novos, segundo, temos de lançar o concurso, e esse passo ainda não foi dado. A responsabilidade está do nosso lado. E, em terceiro [lugar], vamos comprá-los (…) Que sejam produzidos, pelo menos numa grande parte, em Portugal”, referiu.

Pedro Nuno Santos visitou ainda os estaleiros da WestSea e subiu a bordo do navio de expedição polar classe ‘ICE’ da gama ‘Explorer’, em fase final de construção, sendo o segundo de quatro encomendados pelo empresário Mário Ferreira, num valor total estimado de 286,7 milhões de euros.

Questionado pelos jornalistas se ficou tentado a fazer uma viagem no navio, o ministro disse: “Acho que não tenho dinheiro para isso, mas é uma grande satisfação para um ministro da República ver ‘in locco’ o que o nosso país, os nossos empresários e os nossos trabalhadores conseguem fazer. É um navio lindíssimo, feito por nós, feito cá, com um conjunto de empresas portuguesas a trabalharem e fornecerem. É isso que nos satisfaz. O país consegue fazer bem, muito bem, melhor que a maior parte dos países do mundo”.

O projeto de dragagem do canal de acesso ao Cais do Bugio e aos Estaleiros Navais visa melhorar as condições e estimular o desenvolvimento industrial, permitindo a entrada de navios de maior dimensão no Porto de Mar. A intervenção visa ainda promover a melhoria das condições de segurança e navegabilidade no Porto de Viana do Castelo.

A empreitada tem um prazo de execução de oito meses e conta com uma área de intervenção de aproximadamente 190 mil metros quadrados.

A obra, contemplada na Estratégia para o Aumento da Competitividade da Rede de Portos Comerciais do Continente – Horizonte 2026, conta com um investimento público na ordem dos 17,4 milhões de euros, e um investimento privado de 15 milhões de euros da West Sea.

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