Mario Draghi ficará para sempre ligado ao dia 26 de julho de 2012, quando disse “tudo será feito para salvar o euro”. Este é o seu principal legado: ter contribuído de forma decisiva para a sobrevivência da União Económica e Monetária. O atual presidente do BCE, que termina o mandato em 31 de outubro, será também lembrado pelas medidas não convencionais de política monetária, nomeadamente a compra de títulos em mercado secundário e a criação de condições para que se registassem taxas negativas.

Jan Weidmann irá provavelmente suceder a Draghi. É um nome polémico porque sempre se opôs à compra de obrigações soberanas e a taxas de juro muito baixas. Mas Weidmann é alemão. Sendo a Alemanha o maior e mais influente país da zona euro e sabendo-se que perspetivas germânicas são muito críticas aos défices orçamentais, poderá não ser fácil de convencer muitos países, sobretudo os periféricos, a aceitar esta liderança.

Ainda assim, um presidente alemão poderia ter vantagens, desde logo garantindo uma credibilidade acrescida na defesa do euro – a moeda que levou os alemães a sacrificar o seu fortíssimo marco. Por outro lado, poderá ser mais fácil implementar políticas que sejam impopulares no seu país de origem.