Após décadas de estagnação tecnológica, o sistema financeiro, em geral, e os sectores bancário e segurador, em particular, constituem-se como ecossistemas preferenciais para a disseminação, criação e implementação de múltiplas iniciativas.

Estas iniciativas que, muitas vezes com recurso a capital de risco e a business angels, pretendem traduzir pragmaticamente algumas tendências e iniciativas subjacentes a conceitos como a digitalização, a simplificação de processos, a inovação, a disrupção, a transformação digital, a automatização, entre outros.

A verdade é que falar, por exemplo, de Augmented Intelligence, BlockChain, RegTech, FinTech, InsurTech, Robótica e dos respetivos impactos ou mais valias para o sector financeiro não tem reunido consenso.

Se para uns estamos perante uma revolução em marcha. Não faltam aqueles que os desdizem, defendendo/gritando/postulando que nada viram acontecer de diferente que a justifique e que, consequentemente, devemos repensar todo a cadeia de valor do negócio (i.e. back to basics).

Perspetivando algumas características de cada um dos sobreditos sectores, constatamos que os modelos das agências bancárias e de escritórios de mediação (i.e. agentes e corretores) têm sido os mesmos.

O processo de conceção e comercialização de um qualquer depósito ou seguro não sofreu nenhuma alteração significativa, os diferentes layers das componentes online não são apelativos, os próprios modelos de negócio não têm sido muito diferentes de ano para ano e até a própria evolução legislativa e regulamentar tem sido, significativamente, inibidora da tecnologia.

Mas existem também bons exemplos. O Lloyds, que num curto espaço de tempo conseguiu tornar-se o maior banco digital do Reino Unido e, simultaneamente, apesar dos avultados investimentos, apresentou os melhores resultados de sempre. Importante de referir o projeto pioneiro de criar agências bancárias totalmente robotizadas; o Revolut; o N26; o Ferratum; a Lemonade.

Temos como unânime a inevitabilidade de repensar e de transformar os negócios bancários e segurador. Procurar diferenças que positivamente impactem no negócio sempre com benefício para os consumidores. O que não deixa de ser curioso é que se esteja, entretanto, a tentar fazer a diferença, por exemplo, pelo número de minutos que demora a abrir uma conta de depósito à ordem ou subscrever um seguro!

Por conseguinte, a Função de Compliance não deve alhear-se de qualquer movimento Tech e deve continuar a ser um motor de transformação sustentável das organizações em estreita parceria com o negócio, tendo a capacidade de reinventar e simplificar processos e procedimentos, tornando-os indissociáveis do quotidiano do negócio.

Impõe-se a adoção das “novas” tecnologias, nomeadamente, compreender os benefícios e aceitar big data e data analytics para, também, produzir informação de gestão de qualidade e incrementar a capacidade de ouvir, comunicar e transmitir informação para os diferentes skakeholders.

Tendo em conta as provações, aprendizagem e superações do momento inusitado em que nos encontramos nada poderá ou deverá ser igual. As formas como vemos e aproveitamos a tecnologia serão necessariamente diferentes.

Aproveitemos esta experiência para repensar evoluir e abraçar este movimento que apelidamos de Compliance High Tech ou ComplianceTech que, não tenhamos dúvidas, veio para ficar!