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XTB no Outlook de 2024 diz que em termos económicos “a Europa está a desiludir”

Sobre Portugal a corretora diz que “as famílias e empresas estão com níveis de dívida elevados, o que representa riscos para um abrandamento mais forte do consumo e também risco de incumprimento com as obrigações de dívida”.
9 Dezembro 2023, 17h14

Dada a proximidade do fim do ano, a XTB desenvolveu uma análise ao contexto económico e geopolítico de várias zonas do mundo, incluindo Portugal, tendo assim preparado um Outlook para 2024.  Entre os pontos mais relevantes desta análise a corretora destaca que “de um ponto de vista macroeconómico, embora os Estados Unidos surpreendam pela positiva, a Europa desilude, sendo a que apresenta o pior cenário entre as principais regiões económicas”.

Poderá a Europa escapar à recessão? “Enquanto os EUA estão a surpreender pela positiva, a Europa está a desiludir. As atividades empresariais, como os PMI, mostram que a situação na Europa já é a mais difícil entre as principais regiões económicas”, diz a XTB.

Para Portugal a XTB vaticina para o próximo ano que “será certamente um ano desafiante, pois as taxas de juro encontram-se em máximos de 22 anos”.

“As famílias e empresas estão com níveis de dívida elevados, o que representa riscos para um abrandamento mais forte do consumo e também risco de incumprimento com as obrigações de dívida. Em simultâneo, o Estado apresentou um orçamento que visa ter a maior carga fiscal de sempre, o que pode ainda retirar mais rendimento disponível às famílias”, revela a corretora.

Por outro lado, as contas públicas têm melhorado substancialmente, com reduções significativas da dívida pública em percentagem do PIB e com melhorias no rating da dívida nos mercados internacionais. Por isso o Outlook 2024  revela que a melhoria do rating permite uma diminuição da carga dos juros paga pelo Estado.

O abrandamento macroeconómico global pode impactar as exportações portuguesas, o que provocaria uma deterioração da balança comercial e enfraquecimento de muitas pequenas e médias empresas exportadoras. “Por outro lado, devemos estar atentos ao preço do mercado petrolífero, pois poderá ter impacto direto no desenvolvimento da inflação dos próximos meses.”, escreve a XTB.

“Deveremos também ter especial atenção ao desenvolvimento do emprego nestes próximos meses, uma vez que deverá dar pistas mais concretas em relação ao rumo do país. Vejamos que se o desemprego começar a galopar, poderá comprometer todos os dados futuros”, acrescenta a corretora.

A XTB lembra que o FMI indica para o próximo ano um abrandamento do crescimento económico em linha com a Grécia e Espanha, fixando-se nos 1,5% e no que respeita ao emprego um aumento para os 6,5%.

A OCDE prevê o mesmo ritmo de crescimento para Portugal em 2024 e agravamento no mercado de trabalho para os 7,5%, acrescenta.

Em termos globais a XTB sublinha que um conjunto de diversos fatores, “como os elevados preços da energia, a acumulação de stocks após a pandemia de Covid-19 e a desglobalização progressiva tem conduzido a um declínio profundo na indústria transformadora”.

“Esta posição fragilizada parece estar a encaminhar o continente europeu para uma recessão económica, cuja gravidade ainda é difícil de prever, devido aos vários fatores de instabilidade na conjuntura global”, considera a corretora que acrescenta que “uma coisa parece certa, no entanto, a inflação deverá abrandar devido, principalmente, à redução da procura por parte dos consumidores”.

A XTB defende que em 2024, “o cenário geopolítico deverá focar-se na luta pelo domínio global entre os Estados Unidos e a China, que têm apresentado interesses contraditórios, podendo conduzir a um maior registo de fricções ao longo do próximo ano. O caso da China merece uma atenção especial, uma vez que a situação económica da segunda maior economia mundial se afigura muito pior do que o esperado”,

Examinando o cross euro/dólar “de um ponto de vista técnico, as descidas do preço registadas no final dos últimos dois anos deverão retomar em 2024, caso o valor continue a ser negociado abaixo de 1,1280. A par desta tendência, a situação económica na Europa pode pressionar o BCE mais cedo”, realça a corretora.

“Olhando para Portugal, a descida da inflação subjacente deverá continuar a verificar-se, principalmente se as descidas nos mercados petrolíferos se mantiverem e se for verificado um abrandamento no consumo, como é esperado que aconteça”, defendem os analista da XTB.

“Existe também um risco significativo associado ao incumprimento de obrigações de dívida por parte dos agregados familiares, que continuam a apresentar baixas taxas de poupança. Isto torna-se ainda mais alarmante tendo em conta que o Orçamento de Estado para 2024, já aprovado”, defende a corretora que prevê um agravamento da carga fiscal. Além disso, acrescenta, “a redução das taxas de juro está a ser fixada para lá de julho de 2024, o que indica que os esforços adicionais das famílias vão permanecer ao longo de todo o próximo ano”.

“De um ponto de vista geral, Portugal deverá verificar um abrandamento do crescimento económico, fixando-se nos 1,5%, como indicam o FMI e a OCDE”, avança o relatório elaborado pela XTB,

Henrique Tomé, analista da XTB, é o autor de algumas das perspetivas apresentadas nessa análise.

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