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Younited Credit. Fintech francesa levanta 170 milhões e vai duplicar empréstimos ao consumo em Portugal

A meta é atribuir 4 milhões de euros por mês em crédito ainda em 2021 e 50 milhões de euros até ao próximo ano. O financiamento, no qual estiveram envolvidos Goldman Sachs e Bridgepoint, permitirá também lançar produtos B2B. “Há grandes empresas desesperadamente à procura de soluções em Portugal”, diz ao Jornal Económico Annie Criscienti.
8 Julho 2021, 08h00

A fintech francesa Younited Credit, presente em Portugal deste 2018, fechou uma ronda de investimento monumental de 170 milhões de dólares (cerca de 144 milhões de euros), o que a fez aumentar o capital levantado para 400 milhões nos últimos nove anos. A abrir os cofres para esta empresa que digitaliza pagamentos e flexibiliza o acesso a empréstimos ao consumo estão os gigantes Goldman Sachs e Bridgepoint.

No financiamento intervieram também os atuais acionistas (Eurazeo, Bpifrance Large Ventures e AG2R La Mondiale), permitindo que a instituição de crédito possa consolidar a presença no seu berço – França – mas também em Portugal, onde está a crescer a três dígitos em termos de dinheiro atribuído.

Ao Jornal Económico (JE), Annie Criscienti, responsável pela operação no país, garante que pretende duplicar o volume de negócio. A meta é atribuir cerca de 4 milhões de euros por mês em créditos ao consumo ainda em 2021, atingindo os 50 milhões de euros no próximo ano. No total do grupo foram concedidos mais de 2,6 mil milhões em créditos desde 2012, na Europa.

“Esta ronda vai também permitir-nos implementar ações de marketing, porque chegámos a um ponto de maturidade em que podemos reforçar a projeção da marca. Teremos publicidade nas televisões. Porquê? Somos totalmente digitais. Não somos assim tão conhecidos, não temos escritórios”, conta a deputy CEO da Younited para Portugal.

A aposta fincada deve-se ao facto de o mercado português, espanhol, italiano e alemão representar 40% das receitas totais da Younited Credit.

Para o segundo semestre está previsto o lançamento nacional do método de pagamento Younited Pay, que permitirá às empresas do retalho terem planos de pagamento repartidos por três a 48 meses. “Portugal é um mercado onde temos grandes oportunidades. No e-commerce e transações online temos sentido muita procura por parte dos comerciantes. Não posso revelar nomes porque ainda estamos em negociações mas o que posso dizer é que há grandes empresas desesperadamente à procura de soluções”, admite.

As ofertas B2B (business-to-business) da marca, disponíveis no estrangeiro, destinam-se a empresas que querem ter soluções de crédito ao consumo ou de fracionamento de pagamentos digitais, incluindo neobancos e instituições financeiras como o Orange Bank, N26, Wizink, HSBC France ou Lydia e multinacionais como a Microsoft e LDLC. Por exemplo, em Itália, está em distribuidores de produtos Apple e os consumidores acabam por ter um empurrão à compra de iPhones. Até 2021, este segmento deverá representar cerca de 30% do rendimento líquido bancário da Younited.

“O que aconteceu com o sector financeiro em Portugal há alguns anos não ajudou as pessoas a confiar nas instituições financeiras. Se não são assim tão confiantes com as instituições financeiras físicas imagine com uma que não veem. Mas este ano notámos mesmo a mudança, com a pandemia e os pagamentos online. Os consumidores perceberam que tínhamos preços melhores que os bancos tradicionais”

Aliás, no primeiro ano de atividade foram concedidos 10 milhões de euros de crédito em Portugal, no ano seguinte o vírus cortou o valor para menos de metade (8 milhões de euros), contudo só no primeiro semestre de 2021 já se contabilizou 8,2 milhões de euros.

Annie Criscienti considera que ainda existem “barreiras” às fintechs no país, mas garante que “não há caminho de retorno” na aceitação destas startups da tecnologia e finanças. “Estamos aqui para ficar”, afiança ao JE.

Com 440 colaboradores espalhados por Paris, Roma, Barcelona e Munique, a fintech gaulesa planeia recrutar mais de 200 pessoas até ao final de 2022, nomeadamente para acelerar a estratégia de inovação de produtos, com base em dados e inteligência artificial.

O diretor executivo da Goldman Sachs Asset Management, Alexandre Flavier, também deixou umas palavras: “Apoiamos plenamente a missão da Younited em proporcionar aos consumidores e às empresas o acesso a soluções de financiamento mais simples, rápidas e transparentes, possibilitadas pela tecnologia, de modo a tornar os seus planos uma realidade. Ficámos impressionados com o talento da sua equipa, a qualidade da sua infraestrutura tecnológica e a força da sua cultura, focada no cliente”.

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