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ZAP aposta na produção de conteúdos e quer ser maior operador de televisão da lusofonia

A operadora de televisão por satélite controlada pela empresária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, iniciou a sua atividade no mercado angolano em abril de 2010, entrou no mercado moçambicano em 2011 e está presente desde maio em Portugal.
19 Junho 2019, 16h07

A operadora angolana ZAP assume uma “aposta estratégica” na produção de conteúdos e ambiciona tornar-se “proximamente” no maior operador de serviços de televisão da lusofonia.

“Inaugurámos recentemente a nossa produtora em Talatona [município nos arredores de Luanda] e até ao final do ano devemos ter cerca de 300 pessoas a trabalhar nesta área de negócio”, disse à Lusa o diretor-geral da ZAP, José Carlos Lourenço, salientando este fator de diferenciação da oferta face ao concorrente mais direto em Angola (a DSTv do grupo sul-africano Multichoice).

“A aposta estratégica é que isto seja também um negócio ‘per si'”, revelou o mesmo responsável, salientando que “há um esforço significativo” no sentido de expandir esta área, sem avançar valores de investimento.

José Carlos Lourenço sublinhou que os conteúdos são, “provavelmente, o negócio que tem maior facilidade de internacionalização”, apontando para “os mercados naturais” onde se fala português, não só onde existam comunidades de angolanos ou moçambicanos, mas portugueses em geral.

A operadora de televisão por satélite controlada pela empresária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, iniciou a sua atividade no mercado angolano em abril de 2010, entrou no mercado moçambicano em 2011 e está presente desde maio em Portugal.

Conta atualmente com cerca de 1,5 milhões de clientes, pelo que “a manter-se o ritmo de crescimento dos últimos anos” poderá posicionar a ZAP, em breve como o maior operador de distribuição de serviços de televisão da lusofonia”, com exceção do Brasil, admite o gestor.

“Se tivermos em conta Portugal, Angola, Moçambique e os outros mais pequenos poderemos vir a ultrapassar os líderes em Portugal, que são a Nos e o Meo, nos serviços de televisão”, acredita o diretor-geral da ZAP.

Quanto ao aumento de preços que levou a uma intervenção do regulador angolano das comunicações (INACOM) que aplicou uma multa à empresa Finistar (detentora da marca ZAP) por alterar os preços “de modo unilateral”, José Carlos Lourenço adianta que é “uma questão regularizada” e não beliscou a base de clientes.

“Foram alguns meses sensíveis, não é normal um operador de mercado ter de evoluir como fomos obrigados a evoluir naquele contexto”, admite, justificando que a última atualização de preços tinha acontecido em novembro de 2016 e os operadores estavam muito pressionados pela evolução da taxa de câmbio.

“Houve uma grande pressão em 2018, de todos os operadores, para sensibilizar o regulador para que o aumento pudesse concretizar-se. Entrámos em 2019 e a situação continuava a não estar resolvida”, pelo que, apesar de “a porta do diálogo ter estado sempre aberta”, a ZAP sentiu necessidade de tomar uma decisão, que implicou um aumento de preços de 40%.

“Eu diria que a circunstância de, no final do processo, o regulador ter vindo a autorizar que os operadores poderiam fazer um aumento acumulado de 38% deixou absolutamente claro que a atitude da ZAP não ia além da defesa da sustentabilidade do negócio e dos postos de trabalho. Foi percebido que o que a ZAP fez foi numa posição limite”, reforçou o gestor.

José Carlos Lourenço garante que “a perda de clientes foi absolutamente marginal” e neste momento o número de clientes é até superior ao que tinham antes.

Quanto à restituição dos valores cobrados a mais, imposta pelo INACOM, reconhece que “tem algum impacto” (uma vez que a intenção inicial de aumento de 40% ficou pelos 38%), “mas não compromete, no essencial, os objetivos da empresa”.

Além da televisão, a ZAP explora também um complexo de cinemas nos arredores de Luanda, com dez salas e está a avaliar potenciais parcerias” que possam suscitar a abertura de novas salas noutros locais.

José Carlos Lourenço realçou que “há planos de crescimento” para “todas as áreas de negócio” e espera fechar o ano de 2019 sem resultados negativos.

A ZAP realizou na segunda-feira um evento para assinalar a chegada do canal angolano ZAP VIVA a Portugal que contou com cerca de 250 convidados e um espetáculo com artistas angolanos e portugueses.

O ZAP VIVA está disponível no pacote base da operadora NOS (cujo principal acionista é a ZOPT, uma holding controlada pela Sonae e por Isabel dos Santos) desde 11 de maio.

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