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Zuckerberg desafiado para avaliar censura no Facebook

Diretor do “Aftenposten” volta a confrontar o CEO da rede social e desafia-o a analisar o assunto em função da sua responsabilidade.
24 Setembro 2016, 19h00

Primeiro foi a polémica com a censura no Facebook à famosa foto da guerra do Vietname em que uma rapariga, Kim Phuc, nua e a chorar, foge de um ataque de napalm. Agora, num artigo escrito para o diário britânico “The Guardian”, Espen Egil Hansen, diretor do jornal norueguês “Aftenposten” que forçou o norte-americano a recuar na decisão, desafia Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, a assumir responsabilidades e discutir a questão da censura na rede social.

Primeiro foi a polémica com a censura no Facebook à famosa foto da guerra do Vietname em que uma rapariga, Kim Phuc, nua e a chorar, foge de um ataque de napalm. Agora, num artigo escrito para o diário britânico “The Guardian”, Espen Egil Hansen, diretor do jornal norueguês “Aftenposten” que forçou o norte-americano a recuar na decisão, desafia Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, a assumir responsabilidades e discutir a questão da censura na rede social.

“Está a esconder-se do debate e isso é mau para a democracia e pode ser negativo para o Facebook a longo prazo”, acusou Hansen na publicação britânica, depois de ter afirmado que “o mais poderoso diretor do mundo” realizara um exercício de “abuso de poder” num espaço transformado num dos maiores centros de distribuição informativa à escala global.

“A influência de Zuckerberg suplanta a que qualquer Rupert Murdoch deste mundo podia sonhar ter”, escreve Hansen. “Chegámos a um ponto em que o Facebook, controlando o que mostra a mais de mil milhões de pessoas todos os dias, agregou tanto poder editorial que Zuckerberg deve reconhecer a sua responsabilidade e participar na discussão.”

Numa carta aberta dirigida a Zuckerberg, o jornalista norueguês manifestara-se incomodado, desiludido e até receoso com o que poderia suceder “em relação a um dos principais pilares da nossa sociedade democrática”. Hansen argumentava em função de o “mais importante meio do mundo limitar a liberdade em vez de procurar alargá-la”, usando mesmo meios autoritários para concretizar os fins.

Hansen alargou a crítica e confrontou Zuckerberg com outras medidas que considera incompreensíveis: “Primeiro criam regras que não distinguem pornografia infantil de fotos de guerra famosas; depois colocam as regras em prática sem que haja espaço para uma avaliação e ponderação. E, para cúmulo, censuram as críticas ou discussões acerca da decisão, castigando pessoas que tenham a ousadia de criticar”, considerou.

“Os media têm a responsabilidade de considerar a publicação em todos os casos e isso representa um enorme peso, mas cada editor deve pesar prós e contras. Trata-se de um direito e um dever comuns aos editores à escala mundial e não pode ser colocado em risco por qualquer algoritmo codificado num escritório da Califórnia”, escreveu.

Semanas antes, o escritor Tom Egeland escrevera um artigo intitulado “O terror da guerra”, publicado na página do “Aftenposten” no Facebook e ilustrado com sete fotos que contribuíram para alterar a história de conflitos, entre as quais a que Nick Ut realizou no Vietname.

De imediato, um e-mail foi enviado por responsáveis da rede social para a publicação norueguesa, deixando avisos acerca da foto. Antes de receber uma resposta, o próprio Facebook retirou o que fora publicado.

Foi então a vez de Egeland contra-atacar com recurso a um artigo em que deixava fortes críticas à retirada da peça em causa e voltando a publicar a foto. A reação do Facebook foi ainda mais contundente – Egeland foi afastado da rede social e impedido de proceder a qualquer publicação durante algum tempo.

Antes, em maio, já Zuckerberg convidara representantes de meios conservadores para um encontro, cujo único assunto era a análise à censura de temas populares, incluindo questões políticas da ala conservadora. Entre os convidados a participar no debate estavam, por exemplo, o comentador político Glenn Beck e a pivot Dana Perino.

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