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“A austeridade está a morrer” e é importante ressuscitá-la, defende Fitch

As políticas fiscais estão a seguir o trilho contrário ao que deveriam, afirma o responsável global da Fitch pelos ratings dos países soberanos.
Reinhard Krause/Reuters
20 Julho 2017, 16h56

Os decisores políticos enterraram a austeridade mas não deveriam. O argumento é de James McComarmack, o responsável global pelos ratings dos países soberanos da Fitch, que defende que as políticas fiscais estão a seguir o trilho contrário ao que deveriam, no artigo “The Quiet Demise of Austerity” (O Desaparecimento Silencioso da Austeridade) publicado pela FitchRatings.

“As politicas fiscais estavam a ser apertadas quando as condições económicas cíclicas pediam um alívio, agora estão a ser aliviadas quando as condições pedem um aperto. Os decisores políticos estão a priorizar grandes considerações políticas sobre prudência fiscal”, defende McComarmack.

O crescimento de movimentos populistas contribuirá para isto, segundo o artigo do responsável da Fitch. “Como os políticos convencionais continuam a tomar medidas de retaguarda contra novidades populistas, provavelmente irão aceitar mais flexibilização da política fiscal – ou pelo menos evitarão apertar – para obter ganhos económicos quase certos a curto prazo”.

McComarmack realça o consenso internacional sobre esta estratégia, após um debate internacional sobre as potenciais vantagens de utilizar o estímulo para impulsionar o crescimento económico de curto prazo ou sobre a ameaça de dívida pública atingir um nível tão alto que inibe o crescimento a médio prazo.

“Uma forma de confirmar que emergiu um consenso internacional de política fiscal é rever as declarações conjuntas dos decisores políticos”, frisa o responsável da Fitch.

McComarmack diz que as objeções à austeridade foram compreensíveis no período seguinte à crise financeira de 2008. “A política fiscal estava a ser apertada quando o crescimento se encontrava abaixo de 2% (depois de retornar em 2010)” e que “no final de 2012, no pico do debate de austeridade pós-crise, as economias avançadas estavam no meio de um aperto de vários anos equivalente a mais de um ponto percentual do PIB anualmente, de acordo dados do Fundo Monetário Internacional”.

Aponta ainda em 2013, o Japão foi a única economia avançada a aliviar a política fiscal e contrapões com o Reino Unido parece ser o único que se prepara para fortalecer sua política – “e isso é assumir que as rupturas políticas recentes não alteraram sua orientação fiscal”. 

O analista alerta, ainda, para os níveis da dívida pública, que “são incrivelmente altos em muitas economias avançadas, por isso seria prudente para os formuladores de políticas discutir estratégias para as diminuir”.

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