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Alemanha está a preparar-se para a queda da Europa, segundo cronista do Guardian

A divulgação de um documento secreto do governo alemão com cenários possíveis de conflitos que afetem a Europa é, de acordo com Paul Mason, um sinal da escalada de tensão no sistema global.
6 Novembro 2017, 14h41

“Os alemães estão a fazer planos de contingência para o colapso da Europa. Esperemos que nós também estejamos a fazer”. É este o título do artigo de opinião assinado por Paul Mason no jornal britânico The Guardian. Com base num documento secreto do governo alemão, divulgado pelo Der Spiegel na semana passada, o cronista analisa o pior dos cenários para o bloco dentro de pouco mais de duas décadas.

O documento de 120 páginas intitulado Perspetiva Estratégica 2040, assinado pelo ministro da Defesa da Alemanha, aponta que a entrada de países da União Europeia (UE) parou e que há Estados a abandonar o bloco (referindo-se ao Brexit). Nota ainda que o ambiente global está mais propenso a conflitos e a menor segurança.

“Os cenários que desenha são assustadoramente realistas: um conflito ente Oriente e Ocidente, no qual alguns dos Estados da UE se juntariam ao lado da Rússia ou a uma Europa ‘multipolar’, em que alguns Estados adotariam o modelo económico e político da Rússia à revelia do Tratado de Lisboa”, explicou o cronista de economia e justiça do Guardian sobre o documento.

Segundo Mason, a simples existência do documento reflete a escalada de tensão no sistema global. No entanto, o autor acredita que não há razões para dramatizar já que a tradição militar alemã é de um rigoroso planeamento logístico para qualquer eventualidade.

“Apesar do título alarmista que gerou, o documento divulgado é, se tanto, demasiado otimista”, escreveu. “Em três dos seis cenários, corre tudo tão bem que a Europa parece-se com a era de Biedermeier – 1815-1848 – de prosperidade doméstica e aborrecimento militar”.

Mason salientou ainda que a hipótese dos cenários negativos, nos quais os EUA têm dificuldades em evitar o isolacionismo e a China entra numa guerra cultural com o Ocidente, foi definida antes de Donald Trump ter chegado à Casa Branca e de Xi Jinping ter iniciado uma nova estratégia de infraestruturas no país.

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